Em manifesto, Federação das Indústrias defende a 'integridade do sistema eleitoral brasileiro'
Documento do Fiesp será oficialmente lançado nesta sexta (5); texto conta com a assinatura de 107 entidades de vários setores
Foto: Julia Moraes/Fiesp/Divulgação
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lança nesta sexta-feira (5) um manifesto, segundo a entidade, a favor da defesa da democracia brasileira. O texto conta com a assinatura de 107 entidades de vários setores, dentre eles, empresários, universidades e ONGs.
O texto reafirma o compromisso dos signatários com “a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto”, de acordo com o documento. Além disso, demonstra apoio à independência dos Três Poderes e a importância do Supremo Tribunal Federal (STF) para o "exercício da democracia no Brasil".
O manifesto é intitulado "Em Defesa da Democracia e Da Justiça" e é o segundo documento público a ser lançado em defesa da democracia após o presidente Jair Bolsonaro criticar o sistema eleitoral e as urnas eletrônicas.
De acordo com o Fiesp, diversos candidatos à Presidência foram convidados a assinar o manifesto - o presidente Bolsonaro se negou a assinar. Dentre os que assinaram estão Ciro Gomes (PDT), Simone Tabet (MDB) e Luiz Felipe D'Ávila (NOVO). O documento será liso oficialmente no dia 11 de agosto.
Confira a carta completa:
“Em Defesa da Democracia e da Justiça”
No ano do bicentenário da Independência, reiteramos nosso compromisso inarredável com a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto e exercida em conformidade com a Constituição.
Quando do transcurso do centenário, os modernistas lançaram, com a Semana de 22, um movimento cultural que, apontando caminhos para uma arte com características brasileiras, ajudou a moldar uma identidade genuinamente nacional.
Hoje, mais uma vez, somos instigados a identificar caminhos que consolidem nossa jornada em direção à vontade de nossa gente, que é a independência suprema que uma nação pode alcançar. A estabilidade democrática, o respeito ao Estado de Direito e o desenvolvimento são condições indispensáveis para o Brasil superar os seus principais desafios. Esse é o sentido maior do Sete de Setembro neste ano.
Nossa democracia tem dado provas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises profundas, tanto econômicas, com períodos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições.
Elas foram sólidas o suficiente para garantir a execução de governos de diferentes espectros políticos. Sem se abalarem com as litanias dos que ultrapassam os limites razoáveis das críticas construtivas, são as nossas instituições que continuam garantindo o avanço civilizatório da sociedade brasileira.
É importante que os Poderes da República – Executivo, Legislativo e Judiciário – promovam, de forma independente e harmônica, as mudanças essenciais para o desenvolvimento do Brasil.
As entidades da sociedade civil e os cidadãos que subscrevem este ato destacam o papel do Judiciário brasileiro, em especial do Supremo Tribunal Federal, guardião último da Constituição, e do Tribunal Superior Eleitoral, que tem conduzido com plena segurança, eficiência e integridade nossas eleições respeitadas internacionalmente, e a todos os magistrados, reconhecendo o seu inestimável papel, ao longo de nossa história, como poder pacificador de desacordos e instância de proteção dos direitos fundamentais.
A todos que exercem a nobre função jurisdicional no país, prestamos nossas homenagens neste momento em que o destino nos cobra equilíbrio, tolerância, civilidade e visão de futuro.
Queremos um país próspero, justo e solidário, guiado pelos princípios republicanos expressos na Constituição, à qual todos nos curvarmos, confiantes na vontade superior da democracia. Ela se fortalece com união, reformando o que exige reparos, não destruindo; somando as esperanças por um Brasil altivo e pacífico, não subtraindo-as com slogans e divisionismos que ameaçam a paz e o desenvolvimento almejados.
Todos os que subscrevem este ato reiteram seu compromisso inabalável com as instituições e as regras basilares do Estado Democrático de Direito, constitutivas da própria soberania do povo brasileiro que, na data simbólica da fundação dos cursos jurídicos no Brasil, estamos a celebrar.