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Em pesquisa, FGV aponta redução significativa da população jovem no Brasil até 2060

Realidade pode fazer com que, pela primeira vez, haja falta de mão de obra no país

Por Da Redação
Ás

Em pesquisa, FGV aponta redução significativa da população jovem no Brasil até 2060

Foto: Agência Brasil

Um levantamento realizado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em parceria com o projeto do "Atlas das Juventudes", apontou que o número de jovens de 15 a 29 anos no Brasil cairá significativamente nos próximos 40 anos, podendo ser reduzido quase à metade ao fim deste século. De acordo com a pesquisa, essa realidade irá diminuir as possibilidades de prosperidade da nação e pode fazer com que, pela primeira vez, haja falta de mão de obra no país. O levantamento foi realizado com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Organização das Nações Unidas (ONU) e do DataSus.

Marcelo Neri, diretor da FGV Social e autor do levantamento, disse que essa perspectiva de redução populacional entre os jovens se dá em decorrência da queda de fertilidade feminina (em 1970 cada mulher tinha em média 5,8 filhos hoje menos de 2); do aumento de expectativa de vida dos idosos, o que dilui mais a proporção de jovens na população; do desenvolvimento econômico e da instituição de previdência pública. Segundo a FGV, o Brasil se manteve por quase duas décadas com pouco mais de 50 milhões de pessoas na faixa entre 15 e 29 anos de idade,  números sem precedentes na história. O quantitativo foi o dobro do observado em 1970, por exemplo.

Contudo, após um período de intenso crescimento, desde 2009, quando foram registrados 52,3 milhões de jovens (recorde de registro), o número vem reduzindo lentamente ano após ano. Nos próximos 40 anos a redução deve acelerar de forma acentuada e já é prevista a perda de um quarto do tamanho da população de jovens.

Essa projeção de redução da população jovem é também observada na maioria dos países. De acordo com projeções da ONU, até 2060, o percentual de jovens vai diminuir em 95% dos 201 países com projeções populacionais.  Atualmente, o Japão tem o menor percentual de jovens do mundo (14,7%), seguido por Itália (15%), Espanha (15,3%), Grécia (15,9%) e Portugal (15,9%). Todos esses países têm projeções de queda para os próximos anos, porém uma queda pouco acentuada.

No Brasil, o Rio de Janeiro é o que apresenta o menor percentual de jovens do país (22,1%). Depois aparecem o Rio Grande do Sul (22,1%) e São Paulo (22,2%), seguidos por outros estados do Sul e Sudeste. O maior percentual de pessoas entre 15 e 29 anos está no estado do Amapá (29,1%), seguido por Acre (28,7%), Roraima (28,6%) e outros estados das regiões Norte e Nordeste.  Já entre as cidades, ainda segundo o estudo, a mais jovem é Pracinha, em São Paulo, com 48,2% desta população. A menos jovem é Mato Queimado, no Rio Grande do Sul, com 11,99%. Segundo o levantamento, dos 20 municípios menos jovens no país, 18 estão no Rio Grande do Sul.

Dentre os países com as projeções mais elevadas em relação a população jovem estão Taiwan, cuja projeção de queda até 2060 indica um percentual de jovens em 12,9%, seguido por Porto Rico (12,8%), Albânia (12,8%), Singapura (12,6%) e Coreia do Sul (11,7%).

O estudo também levou em consideração quais são as percepções do jovem brasileiro. Em relação a “satisfação com a vida no presente”, em uma escala de 0 a 10, o país presenciou uma queda contínua nos últimos anos. Em 2020, indicador mais recente disponível, o índice era de 6,4 pontos, o nível mais baixo da série brasileira de satisfação com a vida. Entre 2013 e 2014, por exemplo, o patamar atingido foi de 7,2 pontos. De lá para cá, este número só caiu. Também pioraram as avaliações gerais que abordam emoções do dia a dia sentidas pela juventude. Os indicadores positivos (alegria) e negativo (preocupação e raiva) pioraram, especialmente quando da recessão econômica e em 2020, em decorrência da pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. 

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