Embaixador do Brasil em Pequim diz que não pode tirar cidadãos de área com coronavírus
Ao menos 11 países já estudam formas de retirar seus cidadãos da área
Foto: Reprodução / Carlos Garcia Rawlins/Reuters
O embaixador do Brasil em Pequim, Paulo Estivallet de Mesquita, afirmou nesta terça-feira (28), que a China não autorizou voos de evacuação de países que querem retirar seus cidadãos da província de Hubei, onde há mais casos de coronavírus, mas ao menos 11 outros países têm planos para enviar aviões.
"A principal demanda que temos recebido é de evacuação, o que neste momento não é possível fazer”, disse Mesquita, em entrevista ao Hora Um. "Neste momento as autoridades chinesas não estão permitindo a saída de ninguém, de nenhum país”, afirmou ele.
Houve uma reunião, na chancelaria (sede do Ministério das Relações Exteriores da China) com embaixadores, e, nesse encontro, os chineses afirmaram que nenhum voo de evacuação foi autorizado, disse Mesquita. Segundo ele, “neste momento, infelizmente, é necessário manter a calma e ter paciência”.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai conversar com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre o tema. “Vou agora de manhã atrás do Mandetta para tomar pé de fato do que está acontecendo até o momento”, afirmou o presidente.
Em nota, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil afirmou que governo chinês "tem mantido comunicação constante com os representantes diplomáticos e consulares e, até o momento, não considera organizar a retirada de estrangeiros das áreas já em situação de isolamento".
Ao menos 11 países fazem planos para evacuar seu corpo diplomático e cidadãos das áreas chineses atingidas pelo coronavírus. Outros dois, Canadá e Mianmar, têm nacionais que estão expostos na China, mas, por enquanto, não pretendem enviar aviões.
Recomendação da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda a evacuação de estrangeiros em Wuhan, o epicentro da epidemia de coronavírus, declarou nesta terça-feira (28) seu diretor-geral em visita a Pequim, segundo comunicado da diplomacia chinesa.
"Observamos que alguns países planejam organizar evacuações. A OMS não recomenda esse método", disse Tedros Adhanom Gebreyesus, segundo nota do ministério das Relações Exteriores da China. "Na situação atual, é preciso manter a calma, não é necessário reagir excessivamente", acrescentou o diretor-geral da OMS, segundo a fonte.
O chefe da OMS se reuniu nesta terça-feira (28) com o presidente chinês Xi Jinping, depois de encontrar os ministros das Relações Exteriores e da Saúde. "Temos todos os meios, confiança e recursos para vencer rapidamente a batalha contra a epidemia", disse o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, segundo comunicado.
Wuhan é uma cidade de 11 milhões de pessoas, na província de Hubei, e é o epicentro da epidemia. O município está bloqueado, assim como parte da região tem restrições à viagens.