Empresa de software espião Pegasus abandona licitação do governo

Antes de sair, empresa havia apresentado uma proposta de R$ 60,9 milhões

Por Da Redação
Ás

Empresa de software espião Pegasus abandona licitação do governo

Foto: Agência Brasil

A empresa brasileira responsável pela comercialização do Pegasus, avançado software de espionagem israelense, abandonou a licitação após o UOL divulgar o envolvimento do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) na negociação. De acordo com a reportagem, o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta usar as estruturas do Ministério da Justiça e da Polícia Federal para expandir uma Agência Nacional de Inteligência (Abin) paralela. A atuação do filho do presidente  gerou insatisfação por parte de militares que integram o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Abin, já que os órgão ficaram de fora das tratativas. 

Iniciado na última quarta-feira (19), o pregão eletrônico de nº 3/21 do ministério tem como critério de julgamento o menor preço. As empresas tiveram até uma hora antes do início do pregão para cadastrar as propostas. Mas, para contenção de danos, a empresa brasileira responsável por comercializar o Pegasus, a M.C.F da Silva, se retirou do processo licitatório. A empresa leva as siglas do dono, Marcelo Comité Ferreira, responsável por chefiar o escritório da israelense NSO Group no Brasil e pela comercialização do sistema espião no país. Antes de sair, ela havia apresentado uma proposta de R$ 60,9 milhões.

A ligação de Comité com a NSO é evidenciada pelo próprio empresário que, ao apresentar a oferta no momento de instrução, que está sob sigilo no Ministério da Justiça, precisou expor informações da empresa. Nos dados apresentados, porém, uma possível falha, já que do e-mail cadastrado consta a referência "@nsogroup.com". Sem informar que trabalha diretamente para a NSO, a conta de Marcelo Comité na rede social Linkedin também traz um "tracing" (rastreamento de contatos) em torno de Israel e da NSO. 

O UOL revelou que o único produto da NSO comercializado pelo empresário é o sistema espião Pegasus. A empresa Harpia Tecnologia Eireli ganhou a licitação com uma proposta de R$5,5 milhões, mas ela não informou qual produto seria oferecido, tanto na proposta eletrônica, quanto na anexada. A empresa disse ao UOL que a “ferramenta oferecida coleta apenas informações abertas, sem nenhum viés invasivo”.

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