Empresário suspeito de grilagem de terras abre offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, revelam documentos do Pandora Papers
Nestor Hermes é acusado de ameaças, violência e infrações ambientais e é alvo de investigações há décadas
Foto: Reprodução
Novas revelações do consórcio internacional de jornalistas investigativos (ICIJ), no âmbito do projeto Pandora Papers, expõem a abertura de uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas pelo empresário Nestor Hermes, suspeito de envolvimento em ameaças e grilagem de terras na divisa entre a Bahia e Goiás. Documentos obtidos pelo jornal Metrópoles, na coluna de Guilherme Amado, revelaram os detalhes dessa operação financeira que lança luz sobre a trajetória controversa do empresário.
Hermes é alvo de acusações relacionadas a grilagem de terras, envolvendo funcionários armados, ameaças e atos violentos, há pelo menos duas décadas. Além disso, o empresário foi autuado por infrações ambientais que totalizaram cerca de R$ 1 milhão e teve seu nome incluído na lista suja do trabalho escravo, conforme reportagem do repórter José Marques.
De acordo com os registros, a offshore foi aberta por Nestor Hermes em 2 de junho de 2014, com a justificativa de servir como uma conta para depositar sua "poupança pessoal oriunda de trabalho remunerado". No entanto, o empresário nega ter transferido dinheiro para essa conta e afirma que a empresa foi fechada logo após a abertura, sem ter operado efetivamente.
A revelação da offshore levanta questões sobre a movimentação financeira de Nestor Hermes, considerando seu histórico de dívidas trabalhistas e tributárias. Até o ano passado, o empresário acumulava uma dívida de R$ 8,7 milhões com a União, que atualmente está em situação regular. Suas empresas também têm um histórico de débitos milionários ao longo da última década.
Os documentos mostram que Hermes viajou até Miami, nos Estados Unidos, em junho de 2014 para abrir a offshore nas Ilhas Virgens Britânicas. A intermediária utilizada por ele, a Fidelity Corporate Services, foi multada por um órgão de controle do governo local por não cumprir práticas de combate à lavagem de dinheiro.
No âmbito judicial baiano, diversos juízes se declararam suspeitos para julgar processos relacionados a disputas de terras envolvendo Nestor Hermes. O empresário nega ter aberto a offshore com o intuito de evitar execuções fiscais e afirma que suas dívidas foram negociadas com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), sendo regularmente pagas.
Além disso, Nestor Hermes nega ter utilizado violência em disputas fundiárias e contesta a falta de provas que corroborem os relatos contra ele. As revelações trazidas à tona pelos documentos do Pandora Papers acrescentam mais elementos a essa complexa trama envolvendo o empresário e suas atividades controversas, destacando a necessidade de uma investigação aprofundada sobre suas práticas e conexões financeiras.