Enfermeira da Sesai vacina garimpeiros contra Covid-19 em troca de ouro extraído ilegalmente
Em documento, indígenas pedem providências
Foto: Reprodução/ISA
A Hutukura Associação Yanomami apontou a suspeita de que uma enfermeira da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão do Ministério da Saúde, estaria vacinando garimpeiros contra a Covid-19 em troca de ouro ilegal. As informações são do G1.
No ofício enviado ao Ministério Público Federal (MPF) e à Sesai, Kopenawa afirma que uma servidora, que não teve o nome divulgado, estava trocando as vacinas com os invasores da terra indígena, desviando gasolina e um gerador de energia do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) para os garimpeiros também em troca de ouro.
“Essas informações são verdadeiras, passadas pelas lideranças desses locais. Nessas regiões [em Roraima] é bem comum a troca de materiais por ouro, como remédios, e infelizmente, às vezes esses profissionais acabam se deixando levar”, afirmou Kopenawa.
"É comum a queixa por parte dos Yanomami de que o materiais e medicamentos destinados à saúde indígena estão sendo desviados para atendimento aos garimpeiros. Em julho de 2020, já havia sido encaminhado aos órgãos aqui endereçados o depoimento de uma Yanomami da comunidade de Kayanau queixando-se da piora no estado da saúde em sua comunidade e mencionando o desvio de medicamentos por um funcionário do DSEI-Y que atendia no polo base local", diz trecho do ofício encaminhado ao MPF e à Sesai.
A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros atuam ilegalmente no território.
Procurada, o MPF e o Ministério da Saúde, que responde pela Sesai, não se manifestaram sobre o assunto.