Entidades apontam que maioria de vacinas doadas à África tem validade curta
Organizações de saúde pública do continente pedem mudanças

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A maioria das doações de vacinas contra o novo coronavírus à África "tem sido feita com pouca antecedência e com vida útil curta", afirmou um conjunto de importantes organizações de saúde pública do continente. Até o momento, mais de 90 milhões de doses doadas foram entregues ao continente por meio da Covax e do Vaccine Acquisition Trust (Avat). Esse número, no entanto, não inclui as vacinas recebidas em resultado de acordos bilaterais.
"Isso tornou extremamente difícil para os países planejar campanhas de vacinação e aumentar a capacidade de absorção", afirmaram em comunicado conjunto o Avat, os centros africanos de Controle e Prevenção de Doenças, reunidos no África CDC, e a Covax.
Para alcançar taxas de cobertura mais elevadas em todo o continente, e para que as doações sejam uma fonte complementar ao abastecimento por meio de compras, "essa tendência tem de mudar", afirmam as organizações no comunicado. "Os países precisam de um abastecimento previsível e confiável. Ter de planejar em curto prazo e assegurar a absorção de doses com vida útil curta aumenta exponencialmente a carga logística sobre os sistemas de saúde que já se encontram sobrecarregados", alertam.
"Além disso, o tipo de fornecimento feito utiliza capacidades - recursos humanos, infraestrutura, cadeias de frio - que poderiam ser direcionadas para uma implementação bem-sucedida e sustentável a longo prazo", acrescenta o texto. Para as organizações, o fato de os imunizantes chegarem ao continente com prazos de validade curtos "pode ter repercussões, em longo prazo, na confiança desses produtos”.