Entidades divulgam nota em solidariedade à vítima de feminicídio na Bahia
Em 2018, 1.206 mulheres foram vítimas de feminicídio
Foto: Reprodução
O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres emitiram uma nota nesta terça-feira (3), em solidariedade aos amigos, amigas e familiares da estudante Elitânia de Souza da Hora, vítima de feminicídio na última quarta-feira (27), pelo ex-namorado no município de Cachoeira, no recôncavo baiano.
Elitânia de Souza tinha 25 anos e era estudante do curso de Serviço Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (URFB), no município. Ela também fazia parte de um grupo de ativistas pelos Direitos Humanos e fazia parte da Comunidade Quilombola do Tabuleiro da Vitória.
Segundo a polícia, o ex-namorado da vítima, identificado como José Alexandre Passos Goes não aceitava o fim do relacionamento e fugiu após o crime. Antes do crime, Elitânia havia prestado queixa contra o ex-namorado por agressões, e tinha uma medida protetiva, que determinava o afastamento dele.
Na sexta (29), José Alexandre se apresentou à polícia com um advogado após um mandado de prisão. Ele foi encaminhado para a Delegacia Territorial de Cachoeira, onde será investigado.
Em nota, as entidades também alertaram para a falta de investimento na prevenção de violência contra as mulheres de todo o país. "Este crime, assim como os muitos feminicídios anteriores que tiraram a vida das mulheres, nos mostram o quão urgente é a necessidade de intensificar esforços e investimentos na prevenção da violência contra as mulheres. Em 2018, 1.206 mulheres foram vítimas de feminicídio, sendo 61% de mulheres negras e 52,3% dos assassinatos cometidos por arma de fogo".
A UNFPA e a ONU Mulheres também fizeram um apelo para que o caso seja apurado e solucionado e que sejam encontradas soluções para o fim do feminicídio contra as mulheres.
Confira nota na íntegra:
" O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e a ONU Mulheres se solidarizam com amigos, amigas e familiares da jovem estudante Elitânia de Souza da Hora, assassinada na última quarta-feira, 27 de novembro, na cidade de Cachoeira na Bahia, e com todas as organizações, movimentos e pessoas que lutam pelo fim da violência contra as mulheres e em defesa dos direitos humanos.
Elitânia de Souza da Hora, 25 anos, era ativista dos direitos humanos e uma promissora liderança jovem da Comunidade Quilombola do Tabuleiro da Vitória, no município de Cachoeira, na Bahia.
Ela estudava Serviço Social na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e seu trabalho de conclusão de curso, de forma emblemática, era sobre violência contra as mulheres. Elitânia foi violentamente assassinada a tiros, a despeito de uma medida protetiva, em um caso suspeito de feminicídio. Sua morte ocorreu apenas dois dias depois da abertura da mobilização anual dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres, organizada pelas Nações Unidas, parcerias governamentais e a sociedade civil.
A família, amigos, amigas, integrantes da comunidade quilombola, da comunidade universitária e todas as instituições e pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da jovem líder estão de luto por sua morte. Essa perda irreparável demonstra o quanto ainda falta a ser feito para garantir que o investimento feito em nossa juventude não seja perdido.
Este crime, assim como os muitos feminicídios anteriores que tiraram a vida das mulheres, nos mostram o quão urgente é a necessidade de intensificar esforços e investimentos na prevenção da violência contra as mulheres. Em 2018, 1.206 mulheres foram vítimas de feminicídio, sendo 61% de mulheres negras e 52,3% dos assassinatos cometidos por arma de fogo.
Devem ser garantidos recursos para a proteção social, prevenção, acolhimento, justiça, reparação e campanhas públicas, conforme recomendações das Diretrizes Nacionais sobre Feminicídio. O quadro nacional de feminicídios e violência contra as mulheres demandam o fortalecimento de políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres por meio de pleno funcionamento da rede especializada em todo o país.
Nenhuma pessoa jovem deveria ter sua vida abreviada por qualquer tipo de violência. Por Elitânia de Souza da Hora, e pelas muitas mulheres e meninas como ela que correm o risco de sofrer violência com base em seu gênero, o UNFPA e a ONU Mulheres fazem um apelo público para que o caso seja apurado e solucionado, e nós fazemos um chamado a toda a sociedade brasileira, especialmente aquelas pessoas em espaços de tomada de decisão, para garantir que a justiça seja feita e que soluções sejam encontradas, de forma a virar a página da violência contra as mulheres e promover o bem-estar de todas as pessoas ".
Astrid Bant
Representante do Fundo de População da ONU no Brasil
Ana Carolina Querino
Representante Interina da ONU Mulheres Brasil