Michel Telles

Especialista alerta para a violação de dados pessoais na internet

Segundo Priscyla Caldas, informações podem ser usadas de maneira nociva por empresas. Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) vigora desde o último dia 18.

Por Michel Telles
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Especialista alerta para a violação de dados pessoais na internet

Foi após uma aula na faculdade que a estudante de Artes Visuais, Maria Alves, 21, teve a sensação de estar sendo “vigiada” pelo seu smartphone. Após uma conversa com alguns amigos sobre livros, a moradora de “Urbis 1” — Candeias (BA) — relata que ao chegar em casa, um anúncio sobre as obras discutidas em sala de aula apareceu repentinamente no Google, sem nem mesmo ter pesquisado os títulos na internet. “Acho que esse redirecionamento para páginas e anúncios, em alguns casos, é por estar conectada à internet. Às vezes alguém comenta algo e tendemos a dar uma pesquisada, porém, nos casos onde não há conexão a coisa fica muito bizarra. Talvez haja algum tipo de ‘inteligência artificial’ nos celulares (como recentemente aconteceu com os da Xiaomi), que faz parecer que estamos sendo ‘vigiados’ o tempo todo”, conta a estudante. A era do big data vem deixando intrigada a população com relação à tecnologia. Em 2013, o relato de um ex-funcionário da National Security Agency (NSA), Edward Snowden, levou a público informações detalhadas sobre o monitoramento ilegal de dados para espionagem, segundo os periódicos “The Guardian” e “The Washington Post”. Após aproximadamente dois anos do vazamento de Snowden, o site WikiLeaks divulgou uma lista que incluía a então presidente Dilma Roussef e outros 28 membros do governo petista com os telefones grampeados pela inteligência americana. “O caso de Snowden, retratado em produções audiovisuais como ‘Citizenfour’, ou o filme que leva seu nome (Snowden/2016), demonstra como nossos dados, mensagens, aplicativos, câmeras e smartphones estão interligados e como a nossa privacidade é invadida através destes órgãos, onde quer que você esteja. O ‘xis’ da questão é que estes dados, geralmente se transformam em mecanismos de vendas para grandes empresas, que rastreiam as conversas e publicitam anúncios de acordo com as nossas rotinas”, explica a consultora de Marketing Digital, Priscyla Caldas. Especialista no mercado digital há mais de 15 anos, a diretora da “Aruna Marketing” afirma não se sentir tão segura sobre a integridade de dados preenchidos na internet. Segundo Priscyla, o motivo do internauta ser surpreendido com peças publicitárias sobre algo pesquisado vem da classificação, armazenamento e transferência não autorizada dos dados por parte de empresas, invadindo a privacidade do consumidor para guiá-lo às ofertas. Entretanto a consultora destaca uma mudança de rumos na política interna, com a sanção da Medida Provisória (MP) 959 na última quinta-feira (17), pelo presidente Jair Bolsonaro, que trata do prazo de vigência da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD/Nº 13.709). Válida desde sexta-feira (18), a nova lei coíbe a propagação de dados sem o consentimento prévio dos fornecedores. A operacionalização da LGPD aconteceu após o prazo de dois anos estabelecidos pelo ex-presidente Michel Temer, em agosto de 2018. Embora a lei estando em vigor, a especialista explica que os avisos e penalidades (multas) em empresas só serão válidas em agosto de 2021, devido a Lei da Pandemia (Nº 14.010/2020) e a desestruturação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Para Priscyla, prorrogar a regulação pode significar que os internautas de certa forma, ainda sigam com seus dados vulneráveis. “Não sou a favor de ficar na paranoia e tentar se esconder de tudo isso, o que considero cada vez mais impossível, mas tomar cuidado e ficar atento com o que compartilha e como se expõe já é um bom começo, enquanto a LGPD passa pela lenta estruturação. No momento em que estamos vivendo, temos que ter consciência dos riscos diários que nos cercam, como também ter ideia do que e quem pode estar por trás do que acontece ‘sem querer’ no nosso dia-a-dia. Embora o processo seja lento, a nova lei vem com a intenção de combater esse panorama”, conclui.  

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