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Especialistas temem que febre Oropouche possa desencadear novo surto de microcefalia no Brasil

País registrou 7.497 casos da doença em 2024

Por Da Redação
Ás

Especialistas temem que febre Oropouche possa desencadear novo surto de microcefalia no Brasil

Foto: Reprodução

Quase dez anos após o surto de microcefalia causado pelo vírus zika no Brasil, uma nova ameaça preocupa especialistas: a febre Oropouche. A doença agora está no radar de saúde pública, especialmente após a confirmação de um caso em que um bebê nascido no Acre apresentou anomalias congênitas relacionadas à transmissão vertical do vírus Oropouche. O recém-nascido faleceu após 47 dias de vida.

Exames indicaram que a mãe, de 33 anos, contraiu o vírus durante o segundo mês de gestação, manifestando sintomas característicos da doença. Além deste caso trágico, o Ministério da Saúde confirmou um aborto espontâneo associado à infecção pelo vírus Oropouche e investiga outras oito suspeitas de malformação e óbito fetal em bebês cujas mães foram diagnosticadas com a doença.

Apesar das preocupações, especialistas ainda estão incertos sobre a prevalência dessas malformações congênitas associadas ao vírus Oropouche. José Luiz Proença Módena, virologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reconhece o potencial de um aumento nos casos, mas destaca que a dimensão desse impacto é difícil de prever.

O epidemiologista José Geraldo Ribeiro também pondera sobre o risco de um surto em larga escala similar ao do vírus zika, considerando-o improvável, mas não impossível. "Qualquer vírus com potencial de causar malformação é motivo de preocupação", alerta.

A preocupação com a febre Oropouche não é nova. Em 2017, durante a 69ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o microbiologista Luiz Tadeu Moraes Figueiredo, da Universidade de São Paulo (USP), já havia previsto que o Oropouche poderia se tornar um problema de saúde pública no Brasil, após identificar casos da doença em macacos contaminados em Minas Gerais e no sul da Bahia.

Doença

Atualmente, o Brasil possui casos de febre oropouche em 23 estados; país concentra 90% dos registros nas Américas

Acre (265), Alagoas (6), Amapá (7), Amazonas (3.227), Bahia (842), Ceará (95), Espírito Santo (432), Maranhão (23), Mato Grosso (17), Mato Grosso do Sul (1), Minas Gerais (151), Pará (78), Paraíba (1), Paraná (3), Pernambuco (109), Piauí (28), Rio de Janeiro (79), Rondônia (1.709), Roraima (243), Santa Catarina (165), São Paulo (5), Sergipe (10) e Tocantins (2) são os estados com registros da doença.

Os números, divulgados pelo Ministério da Saúde, mostram ainda que o país registrou 7.497 casos em 2024, segundo o Painel de Monitoramento das Arboviroses. Em 2023, foram 831.

Como não há um medicamento específico para tratar a febre oropouche, o acompanhamento da doença é feito para amenizar os sintomas. Dessa forma, pacientes podem ser orientados a tomar medicações para dor, náuseas e febre, além da indicação de hidratação e repouso.

De acordo com o Ministério da Saúde, as formas de prevenção incluem evitar áreas onde há muitos mosquitos, se possível, usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplicar repelente em área exposta.

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