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Economia

“Estamos longe da história que a alta do dólar não influencia nas camadas menos favorecidas da população”, aponta economista

Moeda atingiu cotação de R$ 6,30 em dezembro e cenário para o ano que vem é de 'incertezas'

Por Inara Almeida
Ás

Atualizado
“Estamos longe da história que a alta do dólar não influencia nas camadas menos favorecidas da população”, aponta economista

Foto: Pixabay

A recente disparada do dólar, que renovou a máxima histórica alcançando o valor de R$ 6,30 neste mês, está longe de preocupar apenas aqueles que pretendem viajar para o exterior. Já é sabido que o repasse da moeda norte-americana aos preços no Brasil afeta a todos, e a piora no poder de compra deve começar a ser sentida com mais intensidade em 2025, indicam especialistas. 

“Estamos longe daquela história de que a alta do dólar não influencia nas camadas menos favorecidas da população. Essas camadas, na verdade, estão cada vez mais vulneráveis com a cotação da moeda se elevando de forma abrupta”, explicou o economista Marcelo Ferreira.

De acordo com Marcelo, a população - sobretudo de baixa renda - sentirá os efeitos da variação do dólar de forma indireta, com o encarecimento dos produtos de alimentação, por exemplo. “O trigo que é utilizado no pão é, em grande medida, importado em dólar, assim como outros produtos, porque o Brasil está longe de ser autossuficiente e importa muita coisa, principalmente bens manufaturados. Consequentemente, a alta do dólar cria uma dificuldade maior para o consumo”, destacou o economista.

Quanto aos demais setores da economia, ainda segundo Marcelo, o setor importador, que arcará com produtos importados mais caros, e empresas com dívidas na moeda estrangeira serão prejudicados. Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest, chamou atenção também para o setor de construção civil, que, segundo ele, "sente tantos os desafios quanto às oportunidades".

“De um lado, os custos de insumos atrelados ao câmbio aumentam, pressionando o orçamento de obras. Por outro, o mercado de imóveis atrai mais investidores estrangeiros, que veem no Brasil uma oportunidade de adquirir propriedades a preços competitivos em moeda estrangeira”, afirmou.

2025 de incertezas

“Vi os preços de alguns produtos subirem e achei que iriam estabilizar ou cair, mas não é o que está acontecendo. O custo de vida não para de aumentar”. O relato de Josi Souza, 45, traduz o sentimento de muitos especialistas em relação às pressões sobre o câmbio no ano que vem. De acordo com Ferreira, os desdobramentos da implementação do pacote fiscal, anunciado pelo Ministério da Fazenda com o objetivo de conter os gastos públicos, darão o tom em 2025.

“Se o déficit fiscal continuar aumentando, o governo vai ter que se endividar mais e continuar recorrendo à captação de recursos com terceiros no Brasil e no exterior para se financiar. Isso poderá provocar o aumento do risco Brasil e, consequentemente, a taxa de juros terá de ser aumentada para acompanhar essa demanda por crédito. Se houver um êxito no controle de gastos, por outro lado, a necessidade de crédito diminuirá e a taxa de juros também, o que pode levar a um refresco em relação a essa situação”, disse.

Para Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital, está “evidente que existem mais pressões negativas do que positivas”. “O governo perdeu a oportunidade de mostrar ao mercado que realmente leva a sério a política fiscal e que reconhece que um aumento da dívida pode impactar negativamente as perspectivas de crescimento econômico brasileiro no médio e longo prazo", destacou.

Vasconcellos avalia, portanto, que a percepção de risco do mercado brasileiro aos olhos dos investidores internacionais deverá seguir alta ao longo de 2025.

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