'Estou tentando viver', diz jovem que perdeu visão de um dos olhos após ser feita refém em Salvador
Raisa Santos prestou depoimento na terça-feira; em entrevista, vítima revelou dificuldades para conseguir tratamentos de saúde
Foto: Repodução/TV Bahia
A jovem de 19 anos que foi baleada ao ser feita refém e perdeu a visão de um dos olhos, no bairro da Engomadeira, em Salvador, prestou depoimento à Polícia Civil na terça-feira (29).
A manicure Raísa Santos teve a casa invadida no dia cinco de agosto e foi atingida por um tiro e estilhaços de bomba. A jovem ficou em coma devido os ferimentos, e no Hospital Geral do Estado (HGE) descobriu que estava grávida.
No momento do crime, a vítima estava em casa com o filho, um bebê de um ano e três meses. Um homem, identificado como Gilvan Damasceno dos Santos, mais conhecido popularmente como "Carrasco", estava sendo perseguido pela polícia e invadiu a casa. Ele foi morto durante as negociações.
Em entrevista à TV Bahia, na terça, Raísa Santos relatou que no momento do crime chegou a pedir que os policiais não atirassem e nem jogassem bombas na residência. Segundo ela, Gilvan Damasceno estava desarmado quando os PMs entraram na casa.
"Eu pedia socorro pela vida do meu filho. Era uma operação que podia ter dado certo, mas não deu. Quando o rapaz se rendeu, eu gritei que a gente iria sair. Eu estava bem ainda e enxergando. Eu fui atingida quando os policiais conseguiram entrar e não vi mais nada", relatou.
À época, a Polícia Militar afirmou que o disparo que atingiu Raísa foi feito pelo suspeito, mas a advogada de Gilvan Damasceno negou. Segundo a defesa, o tiro partiu de um policial militar. Ainda à TV Bahia, Luciana Santos, mãe de Raísa, informou que um laudo do hospital detalhou que a jovem foi atingida por um tiro de arma de alto calibre.
Raísa disse que ainda não conseguiu o tratamento adequado para cuidar da visão para o outro olho, em que ela consegue enxergar, e que também foi afetado, nem ajuda psicológica para o filho que também foi feito refém. A vítima relatou ainda que tem tentado conviver com o trauma.
“Estou tentando viver. Mas viver sem a visão é difícil, pensar como eu vou criar meus filhos está sendo difícil [...] A gente ainda está tentando correr contra o tempo, não consegui o tratamento para o olho que ficou, precisa de um tratamento específico com um neuro-oftalmo. Ainda não consegui também um psicólogo para o meu filho”.