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'Estranhos círculos' em galáxia distante indicam sinal de rádio que pode ter elo com buracos negros

Descoberta faz parte de um novo estudo revisado publicado esta semana no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Por Da Redação
Ás

'Estranhos círculos' em galáxia distante indicam sinal de rádio que pode ter elo com buracos negros

Foto: Reprodução/Jayanne English (U. Manitoba)

As estranhas "ondas circulares de rádio", que intrigaram os cientistas em 2020, podem estar relacionadas com explosões espaciais em galáxias distantes causadas por eventos como a fusão de buracos negros ou uma "explosão estelar", quando diversas estrelas são formadas subitamente. Essa afirmação é feita por um novo estudo revisado por pares e publicado nesta semana no  periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

De acordo com a publicação, essa ondas de rádio são um fenômeno único e que não tinham uma explicação científica clara. Quando foram descobertas, os pesquisadores observaram o evento atípico pelo radiotelescópio australiano ASKAP (Australian Square Kilometre Array Pathfinder) e o nomearam de "estranhos círculos de rádio" (ou OCRs, odd radio circles, na sigla em inglês) justamente devido à essa sua singularidade.

Agora, a partir da divulgação do estudo e de uma nova imagem capturada pelo projeto de observação astronômica Dark Energy Survey que sobrepõe os dados do radiotelescópio MeerKAT do Observatório de Radioastronomia da África do Sul, o cientistas creem em duas teorias principais que explicam as ondas circulares: elas podem ser o remanescente de uma enorme explosão, como a fusão de dois buracos negros supermassivos, ou o resultado de uma súbita explosão estelar (starburst), episódio no qual milhões de estrelas nascem de repente.

"Os círculos são provavelmente enormes explosões de gás quente, com cerca de um milhão de anos-luz de diâmetro, vindas da galáxia central", disse Ray Norris, professor da Escola de Ciências da Universidade do Oeste de Sydney, em sua coluna no jornal The Conversation.

De acordo com o pesquisador, o evento de fusão de dois buracos negros acaba liberando uma enorme quantidade de energia, suficiente para gerar o ORC, entretanto, um fenômeno de uma explosão estelar (starburst) também é tido como uma possibilidade porque tal evento faz com que gás quente saia da galáxia, o que causaria uma onda de choque esférica.

"Tanto as fusões de buracos negros quanto os eventos de explosão de estrelas são raros, o que explica por que as ORCs são tão raros (apenas cinco foram relatados até agora)", lembra Norris.

O pesquisador do Instituto Interuniversitário de Astronomia Intensiva de Dados, Jordan Collier, que fez a compilação da imagem dos dados do MeerKAT, disse em entrevista ao CSIRO, órgão de pesquisa científica australiano, que os astrônomos precisam continuar observando esses estranhos círculos de rádio em busca de mais pistas sobre suas origens.

“As pessoas geralmente querem explicar suas observações e mostrar que elas se alinham com nosso melhor conhecimento. Para mim, é muito mais emocionante descobrir algo novo, que desafia nosso entendimento atual”, disse Collier.

As ORCs só foram detectadas, até o momento, por meio de radiotelescópios. Os cientistas não conseguem capturar o fenômeno usando telescópios ópticos, infravermelhos ou de raios-X.

"A gente precisa de uma ferramenta ainda mais sensível que o MeerKAT e o ASKAP. Felizmente, a comunidade astronômica global está construindo exatamente esse observatório – o Square Kilometer Array (SKA), um esforço internacional com telescópios na África do Sul e na Austrália.

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