Estudiosos da Fiocruz/NIH afirmam que a Covid-19 demanda novas formas de distribuição de vacinas
A declaração ocorreu durante o "Simpósio Ameaças Globais Sanitárias Emergentes e Persistentes"
Foto: Reprodução/Pedro Paulo Gonçalves
Adrian Hill, diretor do Jenner Institute, da Universidade de Oxford e um dos desenvolvedores do imunizante Oxford/AstraZeneca, cobrou dos países novas formas de distribuição de vacinas contra Covid-19. A solicitação ocorreu durante o "Simpósio Ameaças Globais Sanitárias Emergentes e Persistentes", organizado pela Fiocruz e pelo Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas/Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIAID-NIH), nos dias 24 e 25 de abril.
Os organizadores Leonardo Carvalho, pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), e Hans Ackerman, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID-HIH), destacaram que o evento procurou equilibrar enfermidades emergentes com aquelas que afligem a humanidade há décadas ou mesmo séculos. O simpósio estava planejado para ter ocorrido dois anos atrás, mas precisou ser adiado por conta da pandemia.
Durante o evento que ocorreu no Hotel Prodigy Dummont, Adrian Hill afirmou que, apesar dos 6 milhões de mortos registrados oficialmente, o número de vítimas da Covid-19 pode chegar a 20 milhões, devido à subnotificação. O diretor da Jenner ainda criticou a desigualdade no acesso às vacinas no mundo, lembrando que no ano passado “74% da população dos EUA estavam imunizados, em comparação com 4% da África Subsaariana”. Para modificar esse cenário, ele defendeu a busca de novos modelos.
“Oxford tinha uma instalação para fabricação de vacinas há 25 anos, e já usava esta plataforma de adenovírus para pesquisar um imunizante para malária. Mas nossa fábrica não conseguiria produzir em escala”, disse.
“É preciso um novo modelo distributivo. A AstraZeneca se coordenou com 20 instalações em 15 países. Hoje, essa vacina é aplicada em 184 países e a um custo muito baixo”, disse Hill, que na quarta-feira participa da Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, apresentando os estudos de uma vacina contra a doença com 77% de eficácia.
Fauci, diretor do NIAID, por sua vez, acredita que, apesar da desaceleração dos casos, a Covid-19 não será erradicada. “Depende da comunidade científica lembrar às pessoas que a pandemia não é um fenômeno novo, que acontece repetidamente. Espero que a lição destes dois últimos anos de tanta dor ajude nos próximos”, afirmou.