Michel Telles

Estudo alerta: Sofrer assédio sexual pode afetar mulheres por décadas

Segundo um novo estudo americano, tal ocorre mesmo quando as sobreviventes não são oficialmente diagnosticadas com Transtorno de Stress Pós-Traumático (TSPT).

Por Michel Telles
Ás

Estudo alerta: Sofrer assédio sexual pode afetar mulheres por décadas

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, apurou que as mulheres que sofreram algum tipo de violência sexual recordam o incidente regularmente; sendo que as memórias permanecem vívidas e intensas durante anos.

A pesquisa publicada no periódico científico Frontiers in Neuroscience, e divulgada pela revista Galileu, apurou que tal ocorre mesmo quando as sobreviventes não são oficialmente diagnosticadas com Transtorno de Stress Pós-Traumático (TSPT).

"As lembranças relacionam-se com sentimentos de depressão e ansiedade, pois as mulheres se lembram do que aconteceu e pensam muito sobre isso", afirmou Tracey Shors, professora de psicologia da Rutgers. "Mas os sentimentos e pensamentos geralmente estão associados ao TSPT, e a maioria das mulheres desta análise não sofriam de TSPT”, refere.

O estudo

Segundo a revista Galileu, os pesquisadores avaliaram 183 mulheres entre os 18 a 39 anos. Entre as quais 64 haviam sido vítimas de violência sexual, enquanto 119 não tinham sido sujeitas a agressões. Adicionalmente, menos de 10% tomavam medicação para combater a ansiedade ou a depressão que sentiam.

As mulheres vítimas de violência sexual – tanto física como mental – admitiram experienciar com frequência memórias fortes e detalhadas, que incluíam visões claras do evento. Sendo difícil esquecer o episódio, que já fazia infelizmente parte das suas vidas.

"Cada vez que refletimos sobre uma memória, criamos uma nova no cérebro porque a lembrança é recuperada no espaço e no tempo atuais", explicou Shors. "O que este estudo mostra é que o processo pode tornar mais difícil esquecer o que aconteceu”.

"As mulheres neste estudo que se lembravam com mais frequência do evento também vivenciaram mais sintomas relacionados ao caso. Tal pode exacerbar o trauma e dificultar a recuperação", afirmou Emma Millon, aluna de pós-graduação da Rutgers. 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 30% das mulheres do mundo já sofreram algum tipo de agressão física ou sexual.

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