Estudo brasileiro aponta que CoronaVac é menos eficaz contra variante Gamma do que contra cepa anterior
Levantamento foi apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas
Foto: Getty Images
Pesquisadores brasileiros divulgaram um estudo, nesta sexta-feira (9), que aponta que os anticorpos produzidos após a imunização com a vacina CoronaVac contra a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, são menos eficazes contra a variante Gamma do que contra a cepa anterior presente no país. Segundo os pesquisadores, a variante Gamma, detectada pela primeira vez no Brasil, pode "circular entre indivíduos vacinados, mesmo em locais onde a cobertura de vacinação é alta".
Para realizar o estudo, que foi apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID) e publicado na revista "The Lancet Microbe", os pesquisadores fizeram testes em laboratório com o plasma sanguíneo de 53 pessoas que haviam recebido a vacina e, além disso, com o plasma de 21 pessoas que haviam contraído o vírus previamente. Os anticorpos produzidos por pessoas que haviam recebido apenas uma dose entre 20 e 23 dias antes ou duas doses entre 134 e 260 dias antes não tinham "nenhum efeito detectável sobre a variante Gamma".
Já os anticorpos dos vacinados mais recentemente (segunda dose entre 17 e 38 dias antes) foram eficazes, porém menos do que contra a cepa que circulava anteriormente no país. Os autores assinalaram que esse tipo de estudo baseado em anticorpos não leva em conta o outro aspecto da resposta imunológica: a imunidade celular, que também desempenha um papel protetor após a vacinação.
Um segundo outro estudo, também publicado na "The Lancet", mostra que a eficácia da CoronaVac "é de 83,5% contra a forma sintomática da covid." Mas a pesquisa apresenta um problema importante, que seus autores reconhecem: foi realizada "antes do surgimento de variantes preocupantes", o que pode significar que a eficácia da vacina é menor atualmente. Também envolveu "participantes relativamente jovens e de baixo risco".