Estudo canadense associa anticoncepcionais hormonais a alterações cerebrais ligadas ao medo
Pesquisa revela redução na massa cinzenta em área cerebral relacionada à tranquilidade em usuárias
Foto: Reprodução/Pixabay
Um estudo conduzido por endocrinologistas da Universidade de Montreal, no Canadá, trouxe à tona descobertas intrigantes sobre os efeitos dos anticoncepcionais hormonais no cérebro feminino. A pesquisa, publicada na revista Frontiers in Endocrinology em 7 de novembro, apontou que mulheres que utilizam métodos contraceptivos hormonais podem experienciar uma sensação mais comum de medo e insegurança devido a alterações cerebrais.
Os resultados, liderados pela endocrinologista Alexandra Brouillard, sugerem uma possível relação entre o uso desses contraceptivos e mudanças na regulação emocional das mulheres, identificadas através de alterações na quantidade de massa cinzenta em áreas cerebrais ligadas à sensação de tranquilidade.
A pesquisa envolveu a análise de imagens cerebrais de três grupos distintos de mulheres: 62 usuárias atuais de pílulas contraceptivas, 37 ex-usuárias e 40 mulheres que nunca utilizaram esse tipo de contraceptivo. Além disso, 41 homens participaram como grupo controle.
Os exames revelaram que as mulheres que estavam fazendo uso de anticoncepcionais apresentavam uma redução na massa do córtex pré-frontal ventromedial em comparação aos homens. Essa área cerebral desempenha um papel crucial na regulação das emoções ligadas ao medo, processando informações para determinar a sensação de segurança ou insegurança no ambiente.
Uma descoberta otimista foi que o efeito observado parece ser reversível, já que as voluntárias que já não usavam mais o contraceptivo apresentaram uma espessura cerebral normal nessa região.
A pesquisa também analisou outras áreas cerebrais e constatou que a variação no córtex cingulado, responsável por criar o medo, não estava associada ao uso de anticoncepcionais. Isso sugere que mulheres que utilizam esses métodos contraceptivos não produzem mais marcadores neurais de medo, mas sim menos reguladores ligados à sensação de tranquilidade e ao controle do medo.
É importante ressaltar que a pesquisa não considerou fatores sociais que poderiam influenciar a propensão ao medo em diferentes grupos de mulheres, o que representa uma limitação do estudo.