Estudo da Fiocruz Bahia analisa relação entre disglicemia e HIV em pessoas com tuberculose
Trabalho analisou a associação do vírus com os níveis de disglicemia presente em casos da tuberculose no país
Foto: Pexels
Uma pesquisa, liderada pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Bruno de Bezerril Andrade, foi realizada para avaliar a prevalência e perfil clínico de disglicemia e infecção por HIV em pessoas com tuberculose pulmonar no Brasil.
O trabalho analisou a associação da presença do vírus com a dos níveis de disglicemia (pré-diabetes e diabetes) presente em casos da tuberculose no país. O estudo foi publicado na revista Frontiers in Medicine, em artigo que tem como primeira autora a doutouranda María Arriaga, do Programa de Pós-graduação em Patologia (PgPAT) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
No estudo, a disglicemia foi considerada como um espectro de disfunções metabólicas relacionadas ao nível de glicose, que pode ter origem em doenças como diabetes ou pré-diabetes. A pesquisa foi realizada a partir de dados do consórcio de pesquisa em tuberculose RePORT – Brazil e do Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), referentes ao período entre 2015 a 2019.
De acordo com os resultados, há uma alta prevalência de diabetes em pessoas com tuberculose, independente da infecção por HIV. Já a presença do HIV não representou um impacto no nível glicêmico dos pacientes.
Os dados do RePORT apontaram para a presença de 23,7% de pacientes com tuberculose que também possuíam diabetes e de 37,8% com pré-diabetes. Pacientes com comorbidade tripla (HIV, disglicemia e tuberculose) representaram 21,4% da amostra.
Já nos dados obtidos a partir do Sinan, apenas 9,2% dos pacientes com tuberculose apresentaram diabetes. Entre aqueles que possuíam diabetes, a tuberculose e o HIV estavam presentes em 4,1%. Importante frisar que, no caso do Sinan, o diagnóstico de diabetes é reportado pelos próprios pacientes.
A análise também se centrou nos hábitos dos pacientes. Em ambos os bancos de dados, o grupo de pessoas com as três comorbidades também apresentaram uma frequência alta de uso do tabaco (no RePORT 64,3%, e no SINAN 27,9%) e consumo de álcool (no RePORT 94,6% e Sinan 28,4%). Além disso, também se buscou relacionar o quadro clínico dos pacientes com o uso de drogas ilícitas. O centro RePORT mostrou uma tendência entre este uso e a presença da pré-diabetes, enquanto o consumo de álcool e o hábito de fumar estavam mais associados com a diabetes.
A associação entre tuberculose e diabetes teve como apresentação clínica a maior carga bacilar no escarro e o retardamento do processo de depuração de bactérias, quando comparado aos pacientes com nível glicêmico normal.