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Estudo mostra aumento expressivo de ondas de calor e frio na costa do país

Litoral capixaba é a região com maior impacto, com aumento da frequência das ondas de calor e de frio

Por Da Redação
Ás

Estudo mostra aumento expressivo de ondas de calor e frio na costa do país

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Diferentes regiões do Brasil registraram tragédias provocadas por enchentes nesses primeiros meses do ano. Uma pesquisa recente mostrou que as ocorrências de grandes secas, assim como as temporadas anormais de frio e de calor, cresceram de forma significativa no país, tornando-se o novo normal em várias localidades.

Liderado por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o levantamento analisou dados da temperatura do ar, hora a hora, durante os últimos quarenta anos, em cinco regiões litorâneas. 

No período, o estudo mostrou que toda a costa brasileira já está sofrendo algum impacto das mudanças climáticas em relação à temperatura do ar, com os litorais das regiões Sudeste e Sul sendo mais impactadas do que das regiões Norte e Nordeste onde, apesar de existirem extremos de temperatura ao longo de todo ano, eles não estão aumentando em frequência ou intensidade.

Porém, no Sudeste e Sul do país, o cenário é diferente. Nos litorais de RS, SP e ES, a frequência de ocorrências diárias de extremos máximos de temperatura e das ondas de calor, caracterizada por dias consecutivos de extremos máximos de temperatura, tem aumentado ao longo dos anos. Além disso, a frequência de ocorrências diárias e de eventos de ondas de frio no ES tem aumentado.

"Estes dados mostram como as regiões Sudeste e Sul do Brasil já se encontram com impactos da temperatura do ar e que irão afetar a biodiversidade e até a economia", destaca Fábio Sanches, autor da pesquisa e pós-doutorando pelo IMar/Unifesp. "Identificamos o litoral do ES como a região mais afetada dentre as que estudamos, pois além das ondas de calor, foi a única região onde a frequência de ondas de frio é cada vez maior", explica Sanches.

Além da frequência de eventos no Sudeste e Sul, um dado sobre a intensidade das temperaturas mínimas extremas chamou a atenção dos pesquisadores: no litoral do RS, a temperatura mais baixa (frio extremo) é cada vez maior. "Isso significa que está ficando cada vez menos frio no sul do país, o que pode ter impactos na produção agrícola e até no turismo", analisa Ronaldo Christofoletti, coordenador da pesquisa, bolsista produtividade do CNPq e professor do IMar/Unifesp.

Nos últimos 40 anos, a ocorrência de eventos extremos de temperatura quase dobrou em SP (84%), dobrou no RS (100%) e quase triplicou no ES (188%). O número de eventos por ano é variável, dependendo de condições específicas como pelos fenômenos El Niño e La Niña, mas, se considerarmos uma média, no ES, a taxa de aumento de eventos extremos é, em média, de 4,7% ao ano, enquanto em SP é, em média, de 2,1% e, no RS, de 2,5% ao ano.

“As mudanças dos padrões de eventos extremos na costa brasileira são um sinal importante de alerta para a vulnerabilidade climática do Brasil como um todo. Este estudo confirma que a emergência climática não é futurologia e sim parte de uma realidade que temos que enfrentar, combatendo suas causas com ações concretas de mitigação e com políticas públicas eficazes de adaptação”, alerta Ana Toni, secretária nacional de Mudança do Clima do Ministério de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MMA).

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