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Ex-diretora do presídio de Eunápolis negociava voto de detentos por R$ 100 para beneficiar vereador e ex-deputado federal, aponta MP-BA

Políticos beneficiados eram Alberto Cley Santos Lima (PSD) e Uldurico Jr. (MDB), com quem Joneuma Silva Neres viveu um relacionamento amoroso

Por Da Redação
Ás

Ex-diretora do presídio de Eunápolis negociava voto de detentos por R$ 100 para beneficiar vereador e ex-deputado federal, aponta MP-BA

Foto: Reprodução/Redes Sociais | Portal Câmara dos Deputados | Divulgação

A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, realizava articulações políticas envolvendo o ex-deputado federal Uldurico Jr. (MDB), com quem ela tinha um relacionamento amoroso, e o vereador Alberto Cley Santos Lima. As informações constam na denúncia do Ministério Público da Bahia (MP-BA) contra Joneuma e outras 17 pessoas.

Segundo a denúncia do órgão, Joneuma integrava um esquema de troca de favores com finalidade eleitoral, em que votos cativos de presos e familiares eram negociados em troca de apoio. Cada voto era recompensado com o valor de R$ 100 em dinheiro vivo.

MP-BA denuncia ex-diretora do presídio de Eunápolis por corrupção e envolvimento com facções

A ex-gestora foi indiciada por facilitar a fuga de 16 detentos da unidade prisional e está presa desde o dia 24 de janeiro deste ano. O MP-BA acusa ela de corrupção, envolvimento com facções criminosas e de ter se relacionado com Ednaldo Pereira de Souza, o Dadá, um dos fugitivos apontado pela polícia como chefe de uma facção de Eunápolis.

O documento aponta ainda que a partir do relacionamento com Dadá, Joneuma passou a intermediar reuniões entre o detento e Uldurico Jr., então candidato à prefeitura de Teixeira de Freitas. Os encontros contavam com a presença de Alberto Cley, mais conhecido como Cley da Autoescola, que era apoiado por Uldurico.

Um policial penal, que teve a identidade preservada pelo MP-BA, relatou em depoimento "ter conhecimento de que políticos ingressaram no conjunto penal, sem revista, inspeção ou cadastro prévio de visitantes", e citou o ex-deputado.  

Ainda de acordo com o policial, “Uldurico mantinha contato com presos que exerciam liderança dentro de facções criminosas durante suas visitas", incluindo Dadá.

“A intenção da denunciada Joneuma, ao intermediar estes encontros entre membros da sua organização criminosa e o ex-deputado federal Uldurico era a de acobertar ‘politicamente’ as suas atividades criminosas, bem como favorecer as ações criminosas de seu bando, as quais se desenvolviam, escancaradamente, no interior do Conjunto Penal de Eunápolis”, diz o MP-BA.

O Farol da Bahia não encontrou a defesa dos políticos citados. O espaço está aberto para posicionamentos.

Além de ter apadrinhado politicamento Joneuma, Uldurico é apontado por ela como pai de seu filho. Quando foi presa, Joneuma estava grávida. O bebê nasceu prematuro e segue com ela na cela, no Conjunto Penal de Itabuna, no sul do estado. 

Em abril, Joneuma protocolou um pedido judicial de auxílio financeiro para cobrir gastos com a gravidez contra Uldurico. 

À TV Bahia, Uldurico Junior afirmou que não responde a nenhuma acusação e que tem pressa para fazer o teste de DNA do filho de Joneuma.

Romance com Dadá

Outros depoimentos anexados ao processo detalham que Joneuma e Dadá viveram um relacionamento amoroso com relações sexuais dentro do presídio.

Wellington Oliveira Sousa, ex-coordenador de segurança do presídio, também preso e denunciado pelo MP-BA, chegou a mencionar em depoimento que Joneuma e Dadá tinham "encontros frequentes, que ocorriam na sala de videoconferências, sempre a sós, com uma folha de papel ofício obstruindo a visibilidade da porta pela abertura de vidro".

A advogada de Joneuma nega a existência de um caso entre ela e Dadá. "A gente não sabe quem foi que articulou tudo isso, mas ela está sofrendo as consequências de um crime que não cometeu. Ela nunca teve nenhum relacionamento com essa pessoa", disse em entrevista à TV Bahia.

Já o advogado Artur Nunes, que também representa Joneuma, explicou por que alguns benefícios eram concedidos aos detentos. "Dentro de uma unidade prisional, a gente entende, vive muito de negociação, no sentido de manter, ao máximo, a ordem da unidade prisional, evitar problemas, [evitar] que conflitos entre eles ocorram", afirmou.

Fuga

A fuga ocorreu há cerca de sete meses. Um grupo de homens armados invadiu o local, por volta das 23h, e trocou tiros com seguranças. Os detidos estavam em duas celas distintas, que foram abertas pelos homens. 

O objetivo do grupo era libertar Dadá, apontado como chefe do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE). Todos os foragidos também integram a organização, segundo a polícia.

No dia 16 de janeiro deste ano, um dos presos, identificado como Anailton Souza Santos, morreu após uma troca de tiros com policiais civis. Os outros 15 detentos seguem foragidos e todos foram denunciados pelo MP-BA, juntamente com Joneuma e Wellington.

A Força Penal Nacional (FPN), coordenada pela Polícia Penal Federal, chegou ao presídio no dia 11 de junho, após o atual diretor do Conjunto Penal de Eunápolis, Jorge Magno Alves Pinto, ser alvo de um ataque a tiros no dia 20 de maio. As ações da FPN foram prorrogadas e seguirão por mais 30 dias.

Na última terça-feira (1º) um advogado foi preso durante a Operação Dupla Face, iniciada pela Polícia Civil em parceria com o Ministério Público da Bahia (MPBA), no município de Serrinha.

Ele é acusado de integrar o PCE e participar da articulação da fuga e do atentado direcionado a Jorge Magno. De acordo com as investigações, o advogado exercia papel ativo na estrutura criminosa, com envolvimento direto na gestão de recursos financeiros oriundos do tráfico de drogas, além de prestação de contas e cobrança de metas semanais de arrecadação. 

Veja abaixo as identidades dos procurados:

1. Edinaldo Pereira Souza, conhecido como Dada;
2. Sirlon Riserio Dias Silva, conhecido Saguim;
3. William Ferreira Miranda;
4. Idario Silva Dias, conhecido como Darinho;
5. Isaac Silva Ferreira;
6. Thiago Almeida Ribeiro, conhecido como Pirata;
7. Romildo Pereira dos Santos, conhecido como Rô;
8. Altiere Amaral de Araújo, conhecido como Leleu;;
9. Fernandes Pereira Queiroz;
10. Giliard da Silva Moura, conhecido como Saruê;
11. Rubens Lourenço dos Santos, conhecido como Binho Zoião;
12. Valtinei dos Santos Lima, conhecido como Dinei;
13. Anderson de Oliveira Lima, conhecido como Magão;
14. Geifson de Jesus Souza, conhecido como Geu e Bode;
15. Mateus de Amaral Oliveira.

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