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Ex-secretário de Saúde do Amazonas diz à CPI da Pandemia que falta de oxigênio durou dois dias

Marcellus Campêlo presta depoimento nesta terça-feira (15)

Por Da Redação
Ás

Ex-secretário de Saúde do Amazonas diz à CPI da Pandemia que falta de oxigênio durou dois dias

Foto: Agência Senado

O ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse à CPI da Pandemia nesta terça-feira (15), que a "intermitência" no fornecimento de oxigênio nos hospitais da rede estadual do estado durou dois dias. O ex-secretário foi chamado para prestar depoimento à comissão na condição de testemunha. O colapso na saúde do Amazonas e a morte de pacientes no estado por falta de oxigênio em meio a pandemia da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, em janeiro de 2021, é um dos objetos da comissão, que também apura as ações do governo federal e o repasse de verbas da União aos governo locais. "Senador, na nossa rede pública estadual nós temos registro de intermitência no fornecimento de oxigênio nos dias 14 e 15 [de janeiro]", afirmou Marcellus.

Em janeiro de 2021, o governo do estado chegou a transferir mais de 200 pacientes para outros estados por conta da falta de oxigênio. Órgãos de controle denunciaram que pessoas morreram por asfixia em hospitais de Manaus e de cidades do interior. Mesmo um mês após o colapso, o governo do Amazonas disse que o insumo ainda está acima da média histórica. Sobre o pedido de ajuda ao governo federal, Campêlo disse que procurou o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, antes do colapso no estado. O primeiro contato, segundo ele, teria ocorrido três dias antes do relatado ao colegiado pelo ex-ministro em depoimento no mês passado. "Fiz uma ligação ao ministro Pazuello no dia 7 de janeiro por telefone explicando a necessidade de apoio logístico para trazer oxigênio de Belém a Manaus, a pedido da White Martins [fornecedora dos cilindros]. A partir daí, fizemos contato com o Comando Militar da Amazônia, por orientação do ministro, para fazer esse trabalho logístico", disse Campêlo na CPI. "Não houve resposta, que eu saiba", afirmou.

O ex-secretário avaliou que a saúde pública do Amazonas tem problemas "históricos e crônicos" e que, na sua gestão, foi realizada a integração de dados entre Manaus e outras cidades do estado. Ainda sobre as providências tomadas, Campêlo citou a alteração no atendimento do Hospital Delphina Aziz, que passou a atender exclusivamente pacientes com covid. Ainda em depoimento, Campêlo afirmou que em 7 de janeiro deste ano a empresa fornecedora de oxigênio White Martins chegou a pedir que o estado não tivesse novos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) até que a companhia pudesse ampliar o fornecimento do oxigênio. 

Apesar do pedido, Campêlo disse que a paralisação não foi necessária já que, no mesmo dia, uma quinta-feira, a White Martins apresentou uma programação de fornecimento de oxigênio, em que novas cargas do insumo começariam a chegar no sábado. No depoimento, ele acrescentou que, no dia 7, a White Martins também solicitou apoio do governo estadual para uma requisição administrativa. A empresa enfrentava dificuldades para comprar um estoque de 20 mil metros cúbicos de oxigênio disponíveis em uma outra empresa, a Carbox. "Consultei o setor jurídico [do governo] e foi orientado que a White Martins formalizasse pedido para fazermos esse processo", explicou.

Respiradores e hidroxicloroquina

Ele disse ainda, em depoimento, que, no início da pandemia, durante a crise da primeira onda em Manaus, cerca de 80 respiradores foram enviados para a capital amazonense na gestão de Luiz Henrique Mandetta. Alguns dos equipamentos, no entanto, estavam com "problemas e inadequados": ao menos dez aparelhos foram devolvidos por serem de uso veterinário. Já sobre o envio pelo governo federal ao estado de 120 mil comprimidos de hidroxicloroquina depois de uma visita da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação, Mayra Pinheiro, no dia 4 de janeiro ao Amazonas, Campêlo disse que a remessa foi realizada para tratamento da covid.
 

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