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Exclusivo: Especialista afirma que pesquisa com 600 pessoas não é de confiança

O estatístico, Roberto Santana, aponta ao longo da entrevista os erros presentes no levantamento

Por Da Redação
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Exclusivo: Especialista afirma que pesquisa com 600 pessoas não é de confiança

Foto: Reprodução

Estátistico consultado pelo Farol da Bahia nesta quarta-feira (7) apontou que a pesquisa divulgada na segunda-feira (5), pelo Ibope, com uma porcentagem de intenção de votos de 42% para o candidato do atual Executivo na disputa pela prefeitura de Salvador, Bruno Reis (DEM), não é confiável.

O estatístico, Roberto Santana, aponta ao longo da entrevista os erros presentes no levantamento que o fazem considerar o estudo como tendencioso.

De acordo com Santana, para uma pesquisa ter relevância e ser considerada como confiável, pelo menos 100 pessoas têm que ser ouvidas em cada bairro da capital baiana. Uma pesquisa com 99% de confiança teria que ouvir mais de 5 mil pessoas. Nenhuma das pesquisas apresentadas até o momento ouviu esse número de eleitores. 

"Se a gente fizesse uma pesquisa com 95% de confiança e 5% de erro, eu teria 1.067 pessoas sendo entrevistadas. Se eu fizesse uma pesquisa com 97% de confiança e 3% de erro eu teria 1.300 pessoas. Então não é uma diferença muito grande, não sei porque as pessoas economizam nos questionários. Se eu fizer uma pesquisa com 99% de confiança e um erro de 3% eu teria 2.448 pessoas sendo entrevistadas. Com um erro de 2%, teria que entrevistar 5.500 pessoas. Se eu aumento o número da pesquisa, aumento a confiança", cravou. 

O levantamento do Ibope, por exemplo, ouviu apenas 602 pessoas por telefone e apresentou um total de 19% de votos brancos e 35% de votos nulos.

"Essa pesquisa não é confiável. Em Salvador temos mais de 2 milhões de pessoas aptas para votar, fazer uma pesquisa com 600 pessoas, é uma pesquisa com 4% do erro e 95% de intervalo de confiança. É uma pesquisa econômica, barata.Essa questão da aplicação do questionário é definitiva para a pesquisa. Salvador com 10 regiões é necessário que tenha pelo menos 100 entrevistas em cada região dessas. É necessário que se espalhe essa amostra. Esse levantamento não pode ser segregado, se não, é tendencioso. Menos de 100 pessoas por região não é uma pesquisa confiável, é uma pesquisa que com certeza vai ter algum erro", pontua. 

O estatístico explica que a pesquisa, na verdade, só ouviu 272 pessoas. Com isso, o candidato do DEM, Bruno Reis, teve apenas 115 votos. 

"Pesquisa com 602 amostras e 19% são votos brancos e 35% nulos. Como faço uma pesquisa com 600 pessoas e 330 respostas não são válidas? Na verdade é uma pesquisa com 272 pessoas. É muito pouco. Então, se ele tinha 4% de erro com 600, imagine com 272 questionários. Não sei porque não refizeram esses questionários, é um erro muito grande. É uma margem muito grande para se dar um resultado de uma pesquisa tão importante. Pra ele afirmar esses 4% de erro eles teriam que refazer esses 330 questionários", explica.

Santana pontua que para uma pesquisa ser confiável, precisa ser bem extratificada com uma cobertura das dez zonas de votos em Salvador. 

"Se ele escolhesse um intervalo de confiança de 97% e 3% de erro, ele estaria fazendo uma cobertura boa. Daria em torno de 1.400 pessoas. Intervalo de confiança significa que entrega 97% de certeza.Uma pesquisa confiável precisa ser bem extratificada. Eu tenho que ter a minha população de eleitores total e tenho que extratificar por região. Salvador tem dez regiões à serem consideradas. Temos a Orla, Suburbana, Brotas, Cabula... Depois temos que dividir proporcionalmente. Por exemplo, se a população de Brotas é representativa em 20% com relação a cidade de Salvador, 20% dessa pesquisa deveria ser feita em Brotas. Uma pesquisa com aplicação mais próxima do real funcionaria assim.Se eu não tiver cuidado, faço uma pesquisa tendenciosa. Por exemplo, se eu sei que um candidato tem predominância em uma área e eu faço muitos questionamentos nessa área eu tô tendenciando", sentencia.

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