Michel Telles

Exposição “Arte de Preto” resgata memórias negras e ancestralidade através da arte

Ateliê Sérgio Amorim Artes sedia mostra de 24 artistas, com parte das vendas destinada a ações sociais na “Baixa do Dendê” e “Grupo Étnico Cultural da Bahia”.

Por Michel Telles
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Exposição “Arte de Preto” resgata memórias negras e ancestralidade através da arte

Foto: Preto Afrikas

A fim de provocar a análise reflexiva sobre a negritude e as artes negras, o Coletivo Arte em Si estreia no próximo dia 30 de novembro, segunda-feira, das 11h às 21h, no Ateliê Sergio Amorim Artes - Shopping Barra, L1 Sul, Loja 20, a mostra Arte de Preto.

Com entrada franca e aberto ao público, o tema “Arte e Ancestralidade” inspira fotografias, poesias, esculturas, pinturas acrílico sobre tela, mosaicos, aquarelas e pinturas óleo sobre tela de 24 artistas: Advany Figueredo, Adinelson Kambundo, André Fernandes, Ary Bastos, Cris Firpo, Edmundo Reis, Edson Souza, Fernanda  ValentimIzabel AndionJô NascimentoJosmara FragonezeLuzimar Azevedo, Magali Abreu, Margarita Arize, Maria Simões, Osmar Barreto, Salvador Filgueiras, Sérgio Amorim, Sulivam Brazão, Rosa Rocha, Tânia Amorim, Thais Gabarron, Vicente Amaral e Yara Guedes.

Restaurando através das telas a memória ancestral, familiar e cotidiana dos negros na diáspora brasileira, a mostra – que também acontece em ambiente virtual - visa o reconhecimento e valorização do continente africano na formação do povo regional e nacional.

Expondo mais de 20 obras autorais, integram o corpo da 1ª ediçãoSenhor do Tempo; Afrikas; O Abre Alas?—?Exu; Obadiná; Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos; Dádiva da Vida; Maria Felipa de Oliveira a Heroína Negra da Independência; De ponta a cabeça; Ora Yê iê, ô!; Oxum e a dança afro-brasileira; Penteados Africanos; Beija-flor; Obadiná; Boa Morte; A Fé; Princípios e Permanências Negras; Iaô; Menino do Pelô; O Povo Dogon; Obínrìn L’ewa; O Valor Tonal do Dendê; Mestre Bimba; Mukixi Mwana; O Jogo da Capoeira e AmarrAção: Cabeça Feita.

“Quando convidada para o projeto ‘Arte de Preto’, me remeti à foto de uma cunhada que sempre me chamou a atenção. Logo, pensei em expressar artisticamente um rosto de uma linda mulher. Uma africana. Pesquisando sobre as histórias de povos africanos, observei que eles produziram uma arte bastante livre, mas ainda assim, preservando essências e traços que suas tradições prezavam na busca de um entendimento do mundo, conectado a espiritualidade e ancestralidade”, afirma Yara Guedes, autora do mosaico AmarrAção: Cabeça Feita.

Inspirada pelo projeto, a artista Maria Simões?—?autora da poesia “Princípios e Permanências Negras”?—?, explica que tentou expressar a força da cultura, arte, tradição e história do povo negro, trazendo expressões próprias em Yorubá Kimbundu para despertar a curiosidade, respeito e reconhecimento da grandiosidade e diversidade da cultura africana para os espectadores, durante a construção do poema. 

Já o “óleo sobre tela” de Rosa Rocha, intitulado “O Valor Tonal do Dendê” dá destaque ao fruto de dendezeiros. Com a temática “Arte e Ancestralidade” livre para ser explorada, Rosa descreve o dendê?—?um dos ingredientes e elementos culturais simbólicos da África?—, com admiração e exotismo. “De um colorido ímpar, o dendê nasce negro e quando maduro, alcança a cor alaranjada, com matizes que vão do amarelo vibrante, ao vermelho rosado e ferrugem. Da polpa fibrosa é extraído o azeite de cor amarela ou avermelhada, sabor adocicado e cheiro atraente”, relata. 

Abrindo as portas da galeria, Sérgio Amorim traz a obra “O Povo Dogon”, baseada em reflexões sobre a vida do grupo étnico Dogon?—?povo conhecido pelo uso de máscaras?—?e a semelhança com as raízes sertanejas do artista.  

“Há dez anos, numa livraria, me deparei com um livro de fotografias e vi a minha infância na zona rural toda ali, ajudando meus pais na agricultura de subsistência. Era o padrão de subsistência do povo Dogon! Eles são principalmente agricultores e criam galinhas, ovelhas e cabras. A dança das máscaras é atribuída à sociedade Awa, palavra da linguagem secreta dos Dogon, executada por mais de 20 dançarinos em uma relação estreita com o meio ambiente e tradições sagradas”, conclui Sérgio.

Seguindo o protocolo setorial de “Centros Culturais, Museus e Galerias de Arte” da Prefeitura de Salvador, a exposição Arte de Preto funcionará com lotação máxima de 20 pessoas, uso de máscaras obrigatório, distanciamento social entre os visitantes, distribuição de álcool em gel e higienização periódica.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

“Coletivo Arte em Si”?—?composto por mais de 20 artistas da cena baiana, lançou outro desafio pela frente: ajudar comunidades carentes através da arte. Em virtude disso, o “Grupo Étnico Cultural da Bahia” (liderado por Sidney Argolo) e a “Baixa do Dendê”?—?instituição de apoio a crianças da comunidade localizada dentro do Bairro de Itapuã, receberão uma porcentagem em doação das obras vendidas, divididas em partes iguais.

As duas comunidades serão incentivadas por meio do Coletivo Arte em Si a visitarem a exposição e vivenciarem o projeto. Lá, serão ouvidos a respeito de projetos ligados às artes e promoção de oficinas criativas. Além de visibilizar as comunidades através das redes sociais, o Coletivo concederá uma bolsa de estudos durante 3 (três) meses na arte da pintura em “óleo sobre tela” para cada comunidade, no Ateliê Sérgio Amorim Artes.

 

SERVIÇO

Exposição “Arte de Preto?—?Coletivo Arte em Si”;
Quando: de 30 de novembro a 15 de dezembro de 2020, das 11h às 21h;
Onde: Ateliê Sérgio Amorim Artes, Shopping Barra, L1 Sul, Loja 20;
Entrada Franca;

 

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