"Falaram que não queriam um novo Tim Lopes", conta cinegrafista sequestrado e espancado por bandidos durante operação no Rio de Janeiro
Segundo relato do profissional, os criminosos chegaram a atirar na sua cabeça, mas a arma falhou

Foto: Reprodução | Reprodução/TV Globo
O cinegrafista André Muzell, que foi espancado por criminosos na quinta-feira (4) durante uma operação policial na Vila Aliança, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, revelou que os sujeitos chegaram a atirar em sua cabeça, mas a arma falhou. O profissional teve os dentes quebrados após levar coronhadas de fuzil dentro da boca.
"Chegaram a atirar na minha cabeça, mas a arma falhou. Depois falaram que não queriam um novo Tim Lopes", contou Muzell ao jornal O Globo.
O profissional, que trabalha para o canal Factual RJ, contou que foi surpreendido por 15 criminosos, que, além de espancá-lo, levaram todos os seus pertences.
"Eles quebraram meus dois dentes da frente e meu maxilar. Mal consigo falar direito por conta disso. Foram no mínimo 15 minutos me chutando e socando", relatou Muzell, que foi socorrido no Hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo. Ele já recebeu alta e busca um tratamento odontológico.
Entre os itens furtados estavam uma câmera, um capacete, um tripé e um celular. O total do prejuízo é de cerca de R$ 40 mil. Sem condições de repor os equipamentos de trabalho, o cinegrafista criou uma vaquinha online para arrecadar recursos e comprá-los novamente.
Muzell contou ao Globo que captava imagens dos ônibus incendiados pelos criminosos usados como barricadas, em Senador Camará, na Estrada do Taquaral, quando foi surpreendido pelos homens que o ameaçaram.
"Eles chegaram dizendo 'vamos te matar'. Me chutaram e levaram minhas coisas", relatou.
A Polícia Militar informou que agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) prestaram apoio ao cinegrafista e o encaminharam para a unidade de saúde.
Tim Lopes
O jornalista Tim Lopes morreu, em 2022, após desaparecer enquanto fazia uma reportagem sobre abuso de menores e tráfico de drogas em um baile funk da Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Segundo depoimentos, ele foi sequestrado, torturado, julgado e executado por criminosos sob o comando de Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco. O corpo do profissional foi carbonizado numa fogueira de pneus e só foi reconhecido no dia 5 de julho, após exames de DNA.