Faturamento em alta: 84% das franquias de alimentação cresceram em 2024!

Levantamento mostra que 91% dos respondentes tiveram lucro em 2024, sendo que dois terços lucraram mais de 10%, e quase um terço superou os 15%

Por Michel Telles
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Faturamento em alta: 84% das franquias de alimentação cresceram em 2024!

Foto: Div

O segmento de alimentação no mercado de franquias segue em expansão no Brasil, com alta de 3% no número de unidades e crescimento de 15,6% no faturamento em 2024, contando mais de 900 redes, em comparação com o ano anterior, de acordo com dados da ABF (Associação Brasileira de Franchising). O primeiro trimestre de 2025 também registrou números positivos, já que o volume de unidades cresceu 6% e o faturamento subiu 4% em relação ao mesmo período de 2024. Corroborando este cenário, dados da 14ª Pesquisa Anual Setorial de Foodservice 2024/2025 da ABF, conduzida pela GALUNION – empresa especializada no mercado de alimentação, mostra que entre os respondentes, 84% relataram aumento de faturamento no último ano e que 41% das redes obtiveram um incremento de mais de 10% no último ano. O levantamento ainda aponta que 91% tiveram lucro, sendo que 66% registraram lucro maior que 10% e 28% lucro maior que 15%. Já o tíquete médio geral do setor ficou em R$ 63,53.

A pesquisa deste ano contou com uma amostra de 58 marcas de alimentação que juntas somam 11.976 pontos de venda, sendo 59% deles em estabelecimentos localizados na rua, 32% em shopping centers, 7% em centros comerciais e 2% em terminais de passageiros. Também há uma grande variedade no tipo de culinária principal, com destaque para variada/brasileira com 16% e asiática também com 13%, cafeterias/chás com 14% e empatadas em 9% hamburguerias/sanduicherias e asiáticas.

“Depois de tantas transformações e com um ambiente com desafios como o elevado custo de capital e a inflação, este estudo mostra que as franquias de alimentação mantêm sua trajetória de desenvolvimento. A incorporação de delivery e de mais tecnologia no dia a dia dos salões abriu novas perspectivas para o segmento, de modo que este mercado cada vez mais se caracteriza pela mescla de um bom nível de serviço com a aplicação de tecnologia para dar escala e agilidade às operações, com custos sob controle. A maior sofisticação e variedade da oferta culinária, com inovações e produtos sazonais, é outro movimento a ser observado”, pontua Bruno Gorodicht, coordenador da Comissão de Alimentação da ABF.

Gestão e Delivery
O setor de alimentação do franchising brasileiro segue evoluindo em eficiência operacional, digitalização e integração com o comportamento do consumidor. A cadeia de suprimentos nas redes de alimentação está fortemente apoiada em processos padronizados. A pesquisa mostra que 78% das marcas utilizam fornecedores ou distribuidores homologados como principal canal de abastecimento, o que indica uma busca por consistência na qualidade e na logística. A digitalização também é protagonista, já que os pedidos de reposição são feitos, majoritariamente, por plataformas de e-commerce por 69%, ou por canais digitais como WhatsApp e aplicativos por 57%, revelando uma operação cada vez mais automatizada e integrada.

No que diz respeito à gestão de pessoas, 64% das lojas operam com times entre seis e 15 colaboradores, e o investimento em capacitação segue sendo uma prioridade. Praticamente todas as redes entrevistadas realizam treinamento operacional (98%), enquanto 90% também treinam suas equipes em atendimento e vendas, evidenciando o foco na experiência do cliente como diferencial competitivo.

Para Bruno Gorodicht, o delivery se consolida como um canal estratégico dentro das operações. “Neste quesito, 90% das redes já atuam com delivery, e 85% dessas cobram taxa de entrega, o que mostra um amadurecimento do canal, com maior controle de custos e valorização do serviço. Já o modelo de captação de pedidos se divide igualmente entre parcerias com plataformas terceiras, como iFood e Rappi, e modelos híbridos que combinam ferramentas próprias com marketplaces”, ressalta.

Ainda que o delivery não represente a maior parte do faturamento, ele já é relevante: em 58% das redes, o canal responde por até 15% das receitas, enquanto em 20% o percentual ultrapassa os 30%. No total, 42% das redes já registram participação acima de 16%, mostrando que o consumo fora do ponto físico veio para ficar, não apenas como conveniência, mas como um novo hábito de consumo.

Tendências
O mercado de foodservice no Brasil caminha para um 2025 marcado por inovação no cardápio, fortalecimento da relação com o consumidor e estratégias operacionais mais enxutas e sustentáveis. Segundo Simone Galante, fundadora e CEO da GALUNION, a inovação de produtos será protagonista no próximo ano, já que 96% das marcas pretendem lançar novidades, com destaque para as ofertas sazonais ou por tempo limitado para 81% dos respondentes, uma estratégia que estimula o consumo por meio de exclusividade e urgência. “O portfólio também se adapta às novas demandas do consumidor. Aqui, 51% planejam lançar produtos mais econômicos e 45% apostam em opções com apelo de saúde, evidenciando um mercado atento tanto ao cenário econômico quanto às preferências alimentares mais conscientes”, destaca.

No relacionamento com o cliente, os programas de fidelidade têm papel central: 86% das marcas consideram essa estratégia importante e, entre dos 69% que já possuem um programa ativo, 68% utilizam modelos próprios, reforçando a busca por autonomia e customização no vínculo com o consumidor. Essa valorização da recorrência se reflete também no investimento em tecnologia, pois 91% das redes pretendem direcionar recursos para ações de marketing, fidelização e relacionamento, utilizando soluções como sistemas de POS integrados, menuboards digitais e ferramentas de CRM e fidelidade.

No campo da expansão, a tendência é de formatos mais enxutos e versáteis. Neste caso, 52% das marcas projetam crescer com lojas de menu reduzido, enquanto 45% estudam abrir unidades em locais não tradicionais, como hospitais, universidades e terminais de transporte. A estratégia de crescimento passa também pela profissionalização, em que 52% priorizam expansão com multifranqueados, sendo que uma parte significativa busca franqueados que operem exclusivamente sua marca ou com poucas associações a outras redes.

A sustentabilidade operacional também ganha espaço no foodservice: 67% dos entrevistados adotam práticas de consumo consciente de água, energia e combustíveis, enquanto 66% têm políticas de controle de desperdício de alimentos, iniciativas que, além de atenderem a pressões ambientais e regulatórias, contribuem para a redução de custos e maior eficiência dos negócios.

Situação das operações de alimentação
A Pesquisa Anual Setorial de Foodservice da ABF, conduzida pela GALUNION, mostra que a taxa de fechamento total entre as redes foi de apenas 5%, o que reforça a resiliência do franchising no setor de alimentação. Do total de unidades analisadas, apenas 3% passaram por processos de repasse, sinalizando estabilidade na operação. Em comparação ao mercado de alimentação como um todo, o franchising apresenta uma taxa de mortalidade significativamente menor. Entre as redes que registraram encerramentos, 51% fecharam de uma a três unidades, indicando uma movimentação pontual e controlada, sem grandes impactos estruturais.

“O modelo de franchising demonstra maior estabilidade operacional em comparação aos negócios independentes no setor de alimentação. A possibilidade de repasse de unidades é um diferencial relevante, pois permite a continuidade da operação com menor impacto estrutural. Essa característica, aliada ao suporte contínuo das franqueadoras, contribui para uma taxa de mortalidade mais baixa e para uma gestão de crise mais eficiente do que a observada em modelos independentes”, finaliza Simone Galante.

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