Feira de São Joaquim, turismo e baianidade

Confira artigo de Valdenor Cardoso, advogado, ex-presidente da Câmara Municipal de Salvador e gestor público

Por Da Redação
Ás

Atualizado
Feira de São Joaquim, turismo e baianidade

Foto: Tracy Collins / Flickr

A Feira de São Joaquim é um dos maiores símbolos da luta, da resistência e da cultura popular da Bahia. Mais do que um centro de compra e venda de mercadorias, é um recorte histórico da Cidade do Salvador e de toda a região do Recôncavo. Visitar a Feira de São Joaquim é como uma viagem ao passado da Bahia em todos os seus aspectos, é ver personagens, é sentir cheiros e sabores da velha Cidade da Bahia, com uma vantagem: está tudo ali, pertinho de nós, bem ao nosso alcance.

Pode chegar sem medo, a vida lá é frenética, todo mundo está em movimento, mas a simpatia, a generosidade e o jeito baiano de ser estão por toda parte. Logo ao entrar, a sensação é de imersão. Não existe um padrão, tudo se mistura: cores, cheiros, sons, vozes que se cruzam. Tudo remonta a uma história, a uma origem, a um local. Mas, apesar da variedade, nada está fora do lugar. A diversidade é a pluralidade da Bahia. Cada corredor revela uma Bahia plural, intensa e profundamente humana. Cada item traz consigo uma história, uma origem, um pedaço do imaginário baiano.

Na Feira de São Joaquim existe uma convivência sem conflitos entre o sagrado e o profano. Lojas que comercializam materiais, vestuário de candomblé e oferendas para orixás vendem também imagens dos santos católicos, revelando o sincretismo religioso que define a identidade baiana.

Mas o grande encanto está nas pessoas, são os feirantes que dão alma à feira. Muitos herdaram o ofício de gerações anteriores e se tornaram guardiões da oralidade e da cultura local, como o atual presidente do sindicato dos feirantes, Nilton Ávila, o Gago da Feira, que sucedeu seu pai Nilton Raimundo Ávila e seu avo Manoel Augusto Ávila feirantes dos tempos da velha Água de Meninos e lideres tradicionais da resistência local. Entre um sorriso e outro, são estes homens e mulheres, que compartilham histórias, receitas, bênçãos e saberes populares. O tempo ali parece desacelerar, permitindo um encontro genuíno com o outro.

Para quem visita ou mesmo mora em Salvador, a Feira de São Joaquim é uma experiência indispensável. É um roteiro turístico essencial, que revela a cidade real, pulsante e autêntica. É um ponto de conexão com o que a Bahia tem de mais verdadeiro: sua gente, sua cultura e sua capacidade de celebrar a vida mesmo diante das adversidades.

Ao sair da Feira, o turista não leva apenas o que comprou, volta com histórias, saberes, fazeres e tudo que o coração pode levar. É impossível sair dali indiferente. A Feira de São Joaquim é mais do que um passeio, é um mergulho na alma da Bahia.

É por isso que o poder público deve ter especial atenção à restauração, manutenção e preservação de um espaço tão importante, que acolhe, emociona e representa a essência do povo baiano. Um exemplo disso é a grandiosa obra em curso, realizada pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, sob a gestão do secretário Maurício Bacelar. As intervenções visam à valorização e estruturação desse patrimônio vivo, um destino turístico especialíssimo, promovendo melhores condições para receber visitantes com conforto, segurança e encantamento.

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