Brasil

Festa Junina: resgate da cultura e das tradições nas salas de aula

Especialista fala sobre a importância das datas culturais celebradas no mês de junho

Por Ane Catarine Lima
Ás

Festa Junina: resgate da cultura e das tradições nas salas de aula

Foto: Divulgação

O mês de junho no Brasil é marcado por festejos culturais que vão além das bandeirolas, que enfeitam os espaços, e as típicas e tradicionais roupas xadrez. É comum que em muitas escolas, por exemplo, as celebrações juninas se limitem a esses elementos e não reforcem a importância das datas que são culturalmente celebradas em junho. Nesse contexto, o professor de história e especialista em temas relacionados à mitologia e religiões de matriz africana, Rogério Athayde, reforça o significado dos festejos a fim de instruir a abordagem do tema de forma pedagógica e culturalmente relevante.

Segundo ele, é importante que os alunos aprendam que a Festa Junina não se resume a um acontecimento folclórico, como muitos pensam. Ele lembra ainda que a festa celebra datas culturalmente relevantes para os brasileiros que estão relacionadas ao Dia de Santo Antônio, celebrado em 13 de junho, São João (24) e São Pedro, (29).

“Os alunos podem ser estimulados a tratar a Festa Junina não como algo folclórico, uma coisa vista como distante, mas algo inserido em sua vida cultural. Qual é o significado que a festa junina tem para as pessoas que participam dela? O significado não é somente festivo. Estamos falando de apresentar as inserções religiosas, as possibilidades de identificação de sincretismo religioso entre os santos da Igreja Católica e deuses africanos, são muitas as possibilidades de trabalho”, afirma o professor.

Em entrevista, ele explica um pouco sobre os santos que são comemorados neste mês. “Santo Antônio, São João e São Pedro são os santos da igreja cristã católica. Santo Antônio é considerado o santo casamenteiro; São João é o santo festeiro e mais próximo de Jesus Cristo; e São Pedro é aquele que possui a chave do céu e controla o tempo”, explicou.

“Originalmente as festas juninas não são relacionadas às atividades religiosas. No hemisfério norte, essas festas são relacionadas com o solstício de verão e, portanto, com as épocas de colheita dos grãos. Aqui no Brasil, entretanto, elas já vieram admitidas pelo cristianismo de origem português e foram adaptadas. São festas que têm muito apelo popular por conta da alegria, da comida, da dança de quadrilha, da música, a tradição de pular a fogueira ou até mesmo andar sobre um tapete de brasas e coisas desse tipo. Acima de tudo essas festas são populares e extremamente importantes para a identidade cultural brasileira. Essas festividades, apesar da herança cristã e heranças pagãs europeias, foram admitidas no país como parte dessa alma brasileira. Então, elas reforçam a importância da cultura popular e da diversidade que existe aqui”, completou.

Especialistas afirmam que priorizar a pluralidade cultural é também uma excelente maneira de desconstruir alguns preconceitos em relação à figura do caipira, quase sempre mostrado como um camponês bobo e ingênuo, alvo de piadas. Dentro da sala de aula, até mesmo nas salas virtuais, é interessante que os professores dividam a turma em grupos e sugeriram que pesquisem sobre as origens e as diferentes maneiras de se celebrar a Festa Junina. Além da internet, é pertinente que os alunos recorram a parentes em busca de histórias que remontem à tradição de suas famílias.

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