Ficção cristã destaca protagonismo feminino com novo olhar para história de Maria Madalena!
Aos detalhes.

Foto: Div
Filhas da Ira, novo livro de Ronailde Braga Guerra, convida o leitor a percorrer os caminhos da dor humana e da redenção espiritual por meio de uma obra protagonizada por mulheres em busca de cura. A autora combina elementos da ficção histórica com reflexões sobre religiosidade, orgulho e fé em uma publicação com forte base cristã e foco nas figuras femininas que acompanharam a trajetória de Jesus.
Na trama, o leitor é apresentado a uma controversa Maria Madalena, na Judeia do século I. Vista como prostituta, ela enfrenta a rejeição dos homens, a cobrança das mulheres e a própria culpa, enquanto tenta reencontrar seu valor. Sua relação com Jesus é intensa e conflituosa: em vez de segui-lo em silêncio e submissa, Madalena o confronta, questionando seus milagres e condutas.
— Quer me dizer o que te aborrece?
— Não consegue adivinhar? — Ainda olha o horizonte.
— Prefiro ouvir de você.
— Pois bem! — Fita-o. — Me irrita ver que cuida de supostos mortos e não reergue os que beiram a morte, mas ainda vivem!
— E o que acha que houve com a que teve o filho de volta?
— Sabe do que estou falando! — Ergue-se. — Não me venha com jogo de palavras se fazendo de desentendido! [...] (Filhas da Ira, p.18)
Paralelamente à trama de Madalena, conhecemos uma segunda personagem: Lyana Ahcor. Marcada por um passado de traumas e decepções com a igreja, ela vive um conflito intenso após um acidente com sua filha e a súbita conversão de seu marido. Ateia convicta e presidente da organização AGAD (“Ateus, graças a deus”), ela se vê novamente à beira do abismo — e, no auge do desespero, faz uma oração.
Em Filhas da Ira, passado e presente se entrelaçam para revelar a força de mulheres que, mesmo feridas, seguem em busca de reconciliação com sua fé e consigo mesmas. O título faz referência direta ao versículo em Tiago 1:20. Além disso, a crítica à distorção do papel feminino nas interpretações religiosas da Bíblia é uma das marcas da narrativa. Com sensibilidade e coragem, a autora entrega uma história de dor, redenção e renascimento.