Fiocruz aponta alto impacto da pandemia na saúde mental de pós-graduandos
Pesquisa mostra que 45% dos alunos foram diagnosticados com ansiedade generalizada

Foto: Reprodução/Pixabay
Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), publicado na revista científica International Journal of Educational Research Open, revela o alto impacto da pandemia nas atividades acadêmicas e na saúde mental de estudantes de pós-graduação.
O levantamento, feito com quase 6 mil participantes de todas as regiões do país, aponta que 45% dos alunos foram diagnosticados com ansiedade generalizada e 17% com depressão durante o primeiro ano da pandemia. Além disso, mais de 60% relataram crises de ansiedade e dificuldade para dormir. Falta de motivação e problemas de concentração foram reportados por quase 80%.
Para a primeira autora do trabalho, Roberta Pires Corrêa, os dados evidenciam a situação de estresse enfrentada pelos discentes. “Os estudantes viveram incertezas, medo e perdas, no contexto estressante da pós-graduação, onde há muita pressão para ser produtivo e cumprir prazos. Um terço precisou procurar atendimento psicológico e uma pequena parcela, de quase 17%, usou medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos sem prescrição”, pontua Roberta.
Com dados coletados entre outubro e dezembro de 2020, a pesquisa traçou um retrato do primeiro ano da emergência sanitária, quando as atividades presenciais foram totalmente suspensas nos cursos. Aproximadamente 80% dos alunos tiveram que alterar seus projetos de pesquisa, sendo que 9% mudaram completamente seus estudos, 35% fizeram alterações significativas e 37% pequenas mudanças.
Acolhimento
Entre os estudantes que buscaram apoio emocional, mais da metade se voltou para os amigos. Cerca de 15% procuraram seus orientadores. Apenas 1%, os comitês de apoio aos discentes. A maioria dos estudantes também não buscou a coordenação do curso de pós-graduação e 5% disseram não ter recebido apoio, apesar da solicitação.
Segundo os pesquisadores, estudos anteriores à pandemia já mostravam que problemas de saúde mental são mais frequentes entre estudantes de pós-graduação do que na população em geral. A emergência sanitária agravou a situação, reforçando a importância de serviços de acolhimento.
Perfil dos pós-graduandos
O estudo contou com a participação de 5.985 estudantes, que responderam um formulário online no período de outubro a dezembro de 2020. Do total, 94% estavam matriculados em cursos Stricto sensu, sendo 51% no mestrado e 43% no doutorado. Quase 6% eram alunos de cursos de especialização, chamados de Lato sensu. No geral, o perfil dos respondentes reflete o dos estudantes de pós-graduação no país.