Fome: moradores do RJ recorrem a ossos e carnes rejeitadas por supermercados
Restos são doados por um motorista e ajudante da empresa
Foto: Reprodução/Prefeitura Municipal de Bonito
Com fome, moradores da Zona Sul do Rio de Janeiro fazem fila em caminhão que recolhe ossos e carnes rejeitadas de supermercados da cidade. Os restos são doados toda terça e quinta por um motorista e ajudante da empresa.
Ao 'Globo', o motorista do caminhão, José Divino Santos conta que, nos últimos meses, aumentou o número pessoas pedindo ossos e restos de sebo.
"Tem dias que chego aqui e tenho vontade de chorar. Um país tão rico não pode estar assim. É muito triste as pessoas passarem por essa situação. O meu coração dói. Antes, as pessoas passavam aqui e pediam um pedaço de osso para dar para os cachorros. Hoje, elas imploraram por um pouco de ossada para fazer comida. Duas ou três pessoas em situação de rua passavam aqui e levavam. Hoje, tem dia que tem umas 15 pessoas", narra José Divino.
Segundo Divino, de lá os restos seguem para uma fábrica no bairro Santa Rita, em Nova Iguaçu, onde parte do material vira ração para animais e a a gordura é utilizada para fazer sabão em barra. "Às vezes, está meio estragado, a gente fala, mas as pessoas querem assim mesmo", conta sem conter as lágrimas.
Segundo um levantamento da Rede Brasileira de Pesquisas em Segurança Alimentar e Nutricional mostrou que mais de 116,8 milhões de pessoas vivem hoje sem acesso pleno e permanente a alimentos. Dessas, 19,1 milhões (9% da população) passam fome, vivendo “quadro de insegurança alimentar grave”. Os números revelam um aumento de 54% no número de pessoas que sofrem com a escassez de alimentos se comparado a 2018.