Fóssil de anfíbio gigante do período triássico é descoberto no Rio Grande do Sul
Pesquisadores da Unipampa encontram crânio de Kwatisuchus rosai, parente dos atuais jacarés e crocodilos
Foto: Divulgação / Alice Dias
Pesquisadores do Laboratório de Paleobiologia do Campus São Gabriel da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) anunciaram a descoberta de um fóssil de anfíbio gigante do período Triássico, batizado de Kwatisuchus rosai, no interior do Rio Grande do Sul, na área rural de Rosário do Sul. A revelação ocorreu após uma cuidadosa análise e limpeza do crânio da nova espécie, cujo anúncio foi feito na última sexta-feira (19), apesar da descoberta ter ocorrido em agosto de 2022.
Com aproximadamente 250 milhões de anos, o Kwatisuchus rosai viveu durante o início do período Triássico, contribuindo para a compreensão do ecossistema planetário após a "maior extinção em massa da história". Os anfíbios temnospôndilos, grupo ao qual pertence, eram animais adaptados a condições de alto estresse ambiental e se tornaram abundantes em todo o mundo nesse período, desempenhando um papel crucial na recuperação do ecossistema.
A descoberta, considerada emocionante pelos pesquisadores, proporciona um olhar inédito sobre a fauna do Triássico no Brasil. O nome "Kwatisuchus" é uma homenagem ao termo Tupi para "focinho comprido", enquanto "rosai" presta tributo ao paleontólogo Átila Stock Da-Rosa, pioneiro na localização de sítios fossilíferos dessa idade.
Apesar de ser considerado grande para os padrões atuais, com um tamanho estimado de 1,5 metros, o Kwatisuchus era considerado um temnospôndilo de médio porte, uma vez que seus parentes maiores atingiam até 5 metros. Esses animais carnívoros eram comuns em ecossistemas aquáticos, mas também tinham representantes terrestres.
A descoberta surpreendeu os pesquisadores ao identificar que os parentes mais próximos do Kwatisuchus são encontrados na Rússia. Isso sugere conexões intrigantes durante o período Triássico, quando os continentes estavam unidos no supercontinente Pangeia. A distância entre o Brasil e a Rússia era menor, embora ainda existissem barreiras geográficas.
O estudo, publicado na revista científica especializada The Anatomical Record, contou com o financiamento da pesquisa Lemann-Brasil, concedido à professora de Harvard, Stephanie Pierce, em colaboração com Felipe Pinheiro e o ex-pesquisador de Harvard e coautor Tiago Simões, atualmente na Universidade de Princeton.