Fóssil de lagarto famoso é na verdade apenas tinta, afirmam os pesquisadores
O fóssil surgiu em citações de livros e artigos ao longo das décadas, mas ninguém jamais o estudou em detalhes
Foto: Reprodução/Valentina Rossi
Um fóssil de 280 milhões de anos que se pensa ser um espécime bem preservado de um antigo réptil é, em grande parte, uma falsificação, segundo uma nova pesquisa.
O fóssil, descoberto nos Alpes italianos em 1931, tem o nome científico de Tridentinosaurus antiquus. Os cientistas pensaram que o contorno escuro e profundo do corpo semelhante ao do lagarto envolto em rocha era pele e tecido mole e consideraram o fóssil uma peça do quebra-cabeça para a compreensão da evolução inicial dos répteis.
O fóssil apareceu em citações de livros e artigos ao longo das décadas, mas ninguém jamais o estudou em detalhes. Alojada nas coleções do Museu da Natureza e da Humanidade da Universidade de Pádua, na Itália, a relíquia levantou muitas questões sobre a natureza exata da criatura que em vida, quando não foi possível encontrar espécimes adicionais semelhantes.
Uma análise nova e detalhada revelou que a cor escura do fóssil não é material genético preservado – é apenas tinta preta cobrindo alguns ossos e rochas esculpidas. Os pesquisadores por trás do estudo relataram suas descobertas em 15 de fevereiro na revista Paleontology.
“O contorno corporal deste espécime fóssil tem a mesma cor dos tecidos moles fossilizados genuínos de plantas e também de animais”, disse a principal autora do estudo, Valentina Rossi, pesquisadora de pós-doutorado em paleobiologia na University College Cork, na Irlanda, por e-mail. “Então, sem o uso de técnicas de diagnóstico, era impossível identificar adequadamente o material de cor escura.”
A revelação destaca o novo conhecimento que poderia ser obtido ao reexaminar espécimes fósseis antigos e previamente estudados em coleções de museus, utilizando os métodos tecnológicos mais recentes.