Cultura

Fotógrafa argentina mostra Bahia em Londres

NNatural de Córdoba, na Argentina, e radicada em Salvador, Monica Grappi foi uma das atrações da mostra coletiva “Habitat”

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Fotógrafa argentina mostra Bahia em Londres

Foto: Divulgação

Natural de Córdoba, na Argentina, e radicada em Salvador, – ela se diz baiana de alma –, a fotógrafa e designer gráfica Monica Grappi foi uma das atrações da mostra coletiva “Habitat”, na Galeria The Art Pavilion, em Londres, na Inglaterra, onde expôs, até ontem (domingo), “O Espelho”, emblemática foto na qual são revelados aspectos intrigantes da sala de uma casa localizada na comunidade quilombola Engenho da Ponte, no Recôncavo Baiano. 

Selecionada, ao lado de 48 aristas visuais – seis são brasileiras e as demais latino-americanas –, a foto de Monica Grappi seguiu parâmetros que, segundo os organizadores, no caso o coletivo colombiano Fotógrafas LATAM, defendem um “diálogo de diferentes visões que podem ser pessoais e/ou coletivas e que reflitam o sentimento da natureza como possibilidade de conhecer os territórios sejam eles geográficos, imaginários, pessoais e sociais”. 

Diz a descrição de “O Espelho!”: “Na sua casa de pau a pique, situada nas terras de massapê do Recôncavo Baiano, a matriarca, uma quilombola, limpa com afinco o espelho que adorna a sala, acompanhada pelo olhar interessado do rebento. O instantâneo revela muito, da pobreza do local ao culto à família, representados pelo zelo aos retratos de novas e velhas gerações, algo que confirma uma ligação com o presente e um não esquecimento do passado, naquilo que se define como memória, ancestralidade. No entanto, o que toca em “O Espelho” é o significado daquele reflexo desfocado, e logo pensamos na invisibilidade da gente preta, pois, mais de um século após o fim da escravidão no Brasil, os afrodescendentes ainda buscam o foco, o direito de serem vistos e respeitados”.  

Desenvolvendo trabalho de pesquisa sobre sincretismo e outros elementos que marcam as tradições baianas, a foto de Monica Grappi chamou a atenção pela “plástica incomum”, uma vez que o espectador se depara com inúmeras possibilidades na sua leitura, o que a torna instigante, reveladora e, ao mesmo tempo, misteriosa. “Trata-se de um registro que nos faz pensar e abre diversas interpretações”, diz a autora.

A foto de Monica Grappi, que já teve outros trabalhos seus selecionados para exposições importantes, como o Festival de Fotografia Internacional Paraty em Foco, em 2019, sempre se valendo de temáticas ligadas ao universo afro-baiano, encaixou-se dentro dos objetivos da organização, que defende a celebração das riquezas culturais das artes visuais latino-americanas, na busca de reverberar vozes historicamente silenciadas, e, por tabela, garantir projeção internacional às artistas selecionadas, como se viu em Londres.

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