Fraude no INSS prejudicou indígenas, pessoas com deficiência e analfabetos, diz PF
A informação tem como base entrevistas que o CGU fez no interior do Brasil durante a investigação

Foto: Divulgação INSS
Os descontos indevidos em aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), revelados no dia 23 de abril, prejudicaram, além de idosos, pessoas completamente vulneráveis, como indígenas, pessoas com deficiência, analfabetos e moradores de zonas rurais com dificuldades para se deslocar até um posto da Previdência Social, conforme indicou o relatório da Polícia Federal (PF).
A informação tem como base entrevistas que os auditores da CGU fizeram em regiões no interior do Brasil durante a força-tarefa para identificar as fraudes.
Segundo o relatório, houve relatos de entrevistados que responderam em nome dos titulares dos benefícios sobre a impossibilidade de eles terem assinado termos de autorização e fichas de filiação, considerando tratar-se de pessoas com deficiência que os impede dessa manifestação de vontade.
“Assim como impossibilitadas de locomoção por doença grave, indígena que reside em aldeia e não sabe ler ou escrever ou residentes no exterior e que não tiveram contato com associações quando estiveram no Brasil”, destaca o documento.
A CGU aponta que das 21 entidades listadas, 100% dos entrevistados informaram não ter autorizado o desconto das mensalidades associativas e, para 7 entidades, esse percentual variou de 71% a 99%. 94
O relatório destaca, ainda, que os contribuintes estão vinculados a sindicatos e associações localizados em municípios diferentes de onde moram, com distâncias que variam de 34 km a 957 km.
“Tal situação faz suspeitar que tais vinculações sejam fictícias, haja vista que seria pouco provável que os aposentados/pensionistas, todos idosos acima de 60 anos fossem se deslocar para outra Unidade da Federação para se associar a um sindicato/associação distante, inclusive pela dificuldade de contar com a assistência dessas entidades quando precisassem”, concluiu a CGU.