Garimpo ilegal em terra Yanomami contamina peixes de rios em RR, diz estudo
A alta concentração de mercúrio traz riscos à saúde de seres humanos e animais, além de impactar na atividade econômica da região
Foto: Jose Eduardo Camargo/Pixabay
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz, do Instituto Socioambiental (ISA), do Instituto Evandro Chagas e da Universidade Federal de Roraima (UFRR) apontaram para os danos que o garimpo ilegal realizado em Terra Indígena Yanomami causa na população de peixe dos rios de Roraima.
Segundo a pesquisa, para algumas espécies de peixes carnívoros, como o filhote, a contaminação de mercúrio é tão alta que praticamente não existe mais nível seguro para o seu consumo, independente da quantidade ingerida. O estudo reitera, inclusive, que, para crianças e mulheres em idades férteis, o consumo de algumas espécies deve ser moderado, a fim de evitar riscos à saúde.
A pesquisa aponta que barba chata, coroataí, filhote, piracatinga e pirandirá são peixes carnívoros com risco muito alto, que devem ser consumidos no máximo em uma porção de 50 gramas, uma vez ao mês. Dourada, mandubé, liro, pescada, piranha preta e tucunaré são peixes carnívoros com alto risco, não devendo o consumo exceder 200 gramas por semana.
Já curimatã, jaraqui, matrinxã, pacú seriam peixes não-carnívoros com médio e baixo risco, que não apresentam restrições para o consumo e podem ser consumidos em porções de até 300 gramas por dia. Para as mulheres grávidas, é indicado evitar, durante toda a gravidez, o consumo de peixes carnívoros (barba chata, coroataí, filhote, piracatinga, pirandirá).
O mercúrio liberado de forma indiscriminada no meio ambiente pode provocar diversas doenças em seres humanos e animais. Em níveis muito elevados, pode causar abortamentos, diagnósticos de paralisias cerebrais em crianças, limitações na fala e locomoção e malformação congênita. Na maioria das vezes, as lesões são irreversíveis, provocando impactos na vida adulta.
Além dos impactos na saúde da população, o garimpo ilegal promove impactos financeiros diretos na vida financeira de pescadores de Roraima que, mesmo sem terem relação com a atividade criminosa, são prejudicados por terem o seu principal ganha-pão contaminados.