Gasto de energia com ar condicionado poderá triplicar até 2050
Projeção considerou cenário atual envolvendo aquecimento global

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Com o planeta Terra aquecendo anualmente, a capacidade global instalada de resfriamento deverá triplicar até 2050, em comparação com 2022. Esta é a principal conclusão do relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que emitiu um alerta urgente nesta terça-feira, durante a COP30, em Belém, no Pará.
Segundo o relatório, o gasto energético com refrigeradores no mundo pode ficar três vezes maior e chegar a 68 terawatts em 2050, caso o atual cenário de aquecimento global não seja revertido. É importante destacar que o aumento potencial do setor, não o que de fato é consumido no mundo.
Apesar do crescimento na utilização de ar-condicionado, quase 3 bilhões de pessoas no planeta ainda não devem ter acesso adequado ao resfriamento até a metade desse século. Com isso, o relatório enfatiza a necessidade de priorizar alternativas passivas de resfriamento, como sombreamento, árvores urbanas, soluções regenerativas, ventilação natural, superfícies mais reflexivas, diminuindo o consumo de energia, com mais eficiência.
O Brasil, por exemplo, anfitrião da COP30, está incentivando uma campanha de implementação para combate do calor e superar lacunas em financiamento, política, em nível nacional e local. Trata-se de uma plataforma para soluções de resfriamento sustentável, para auxiliar as prefeituras nas agendas locais.
De acordo com o Secretário Nacional de Meio Ambiente Urbano, Adalberto Maluf, diferentes regiões do país registraram crescimento de temperatura acima da média nos últimos anos:
"O Pantanal teve um aumento de 1,8 grau, levando ao menor nível de água superficial da história. Na Amazônia, em 2024, houve um aumento de 2,5 graus em algumas regiões, o que expandiu drasticamente os incêndios florestais, mesmo na floresta tropical que normalmente não queima", afirmou.
A cidade de Barcarena, no Pará, com 140 mil habitantes, aderiu à plataforma de combate ao calor e notou avanços desde então. Quem assegurou foi o prefeito do município, Renato Ogawa, que participou do lançamento do relatório.
No mundo, 134 países já incorporaram o resfriamento nas "Contribuições Nacionalmente Determinadas", que são os planos de ação que cada país deverá apresentar para cumprir o Acordo de Paris.
Somente 54 possuem estruturas regulatórias completas: normas de construção de resfriamento passivo, padrões mínimos de desempenho energético e rápida transição de refrigeradores.
No Brasil, de acordo com o relatório, somente um terço das escolas tem resfriamento. Em alguns estados, o número cai para somente 3% das escolas.


