Golpe do namoro virtual: motivações, perfis e estratégias dos estelionatários
Estudo revela que 4 em cada 10 brasileiras já foram vítimas ou conhecem alguém que caiu no golpe
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O "romance scammer", conhecido por envolver estelionatários que se passam por estrangeiros, muitas vezes militares dos EUA, continua a surpreender, explorando a confiança de vítimas que se deixam envolver em relacionamentos virtuais. A prática, apesar de amplamente divulgada, persiste, deixando prejuízos emocionais e financeiros.
Uma pesquisa obtida pelo g1 e conduzida pela organização "Era Golpe, Não Amor", em parceria com a Hibou, especialista em pesquisa de mercado, a Associação Brasileira de EMDR e o Ministério Público de São Paulo, revela que 4 em cada 10 brasileiras já foram vítimas ou conhecem alguém que caiu no golpe do namoro virtual. Um estudo representativo, entrevistando 2.036 mulheres de diversas regiões do país, destaca a urgência de compreender as motivações por trás dessas fraudes sentimentais.
As razões para o sucesso desse tipo de golpe são diversas e incluem carência, paixão, pressão social e até distúrbios mentais. Especialistas em psicologia e representantes do Ministério Público Federal apontam para nuances complexas que tornam as vítimas suscetíveis.
A paixão, muitas vezes comparada a um estado de hipnotismo, pode ser um fator preponderante. O professor Christian Dunker, do Instituto de Psicologia da USP, explica que ela cria uma crença inabalável na pessoa amada, levando as vítimas a demonstrar seu afeto através de contribuições financeiras.
Por outro lado, existe também o componente do delírio, como a erotomania, um distúrbio psicológico em que a vítima acredita em um amor correspondido com uma pessoa de alta relevância social. O promotor Thiago Pieronom, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, ressalta que questões sociais e de gênero também influenciam, tornando mulheres mais suscetíveis a aceitar situações que, sob outras circunstâncias, pareceriam suspeitas.
A pesquisa aponta que o perfil das vítimas varia, abrangendo mulheres de 40 a 70 anos, de diferentes status sociais. Casadas, solteiras, divorciadas, com ou sem diploma universitário, todas podem ser alvo desse tipo de golpe.