Governo Argentino anuncia imposto de 30% para compra de dólares no exterior
A medida pode afetar o turismo no Brasil
Foto: Reprodução/ O Globo
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou que irá taxar em cerca de 30% gastos com produtos e serviços em dólar, incluindo passagens aéreas, reservas de hotéis no exterior e outros serviços, para impor um novo freio a viagens feitas pelos turistas do país ao exterior - o que pode afetar o mercado brasileiro.
A Argentina é o maior emissor de visitantes internacionais para o Brasil, segundo o Ministério do Turismo. Em 2018, 2,5 milhões de argentinos vieram ao país. Representaram quase 38% do total de estrangeiros em viagem ao Brasil, mas houve recuo de 4,72% frente a 2017.
A Organização Brasileira de Viagens de Receptivo (Bito, na sigla em inglês) avalia que o imposto argentino deve reduzir o fluxo de turistas para o Brasil mais adiante.
“Por ora, não há impacto. As reservas estão feitas. Mas, é claro, vai impor um freio no movimento. Isso já havia acontecido por conta das dificuldades econômicas enfrentadas pelos argentinos. No geral, viaja quem tem dinheiro”, destaca Salvador Saladino, presidente da Bito.
Ele lembra que medidas como essa levam o turista a ajustar os gastos. “O viajante ajusta a despesa ao orçamento. Passa de um hotel cinco estrelas para outro quatro estrelas, troca o destino da viagem, opta por uma estadia do tipo all-inclusive”, disse.
Dados do Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) da Argentina mostram que 318,4 mil residentes embarcaram para o exterior em aeroportos do país em outubro, queda de 4,2% em relação ao mesmo mês de 2018. No acumulado do ano, foram 3,43 milhões de viajantes, um tombo de 12,5% ante igual período do ano passado.
Para as aéreas brasileiras Latam, Gol e Azul, que voam para a Argentina, ainda é cedo para prognósticos sobre o efeito da medida. A Azul lamentou que a atividade turística no Mercosul seja penalizada. “O aumento da carga tributária sobre o setor impacta diretamente o turismo, importante vetor de fomento econômico”, informou a empresa em nota.