Governo do Paquistão decide cortar sinal de celular de quem se recusar a se vacinar contra a Covid-19
País vacinou apenas 2% da população diante de um histórico de desinformação sobre vacinas

Foto: Reprodução/Prensa Latina
Preocupadas com o ritmo lento da vacinação contra o coronavírus, autoridades do Paquistão decidiram tomar medidas drásticas, incluindo o bloqueio do serviço de telefonia celular em duas províncias e a suspensão dos salários de alguns funcionários do governo que não foram vacinados.
A justificativa apresentada foi a necessidade de enfrentar o profundo ceticismo tanto sobre as vacinas contra Covid-19, quanto sobre a campanha de imunização de forma mais ampla. Ainda não há informações sobre quando a medida entrará em vigor ou como será executada.
O Paquistão luta há muito tempo com a desinformação sobre vacinas que se mostraram seguras e eficazes, especialmente para a poliomielite. Os pais geralmente recusam a imunização contra a poliomielite para seus filhos, acreditando falsamente que a vacina é prejudicial e parte de uma trama norte-americana para esterilizar as crianças.
"Ouvi dizer que as pessoas, depois de receberem a vacina do coronavírus, morrerão em dois anos.", disse Ehsan Ahmed, um motorista de caminhão em Karachi. "É a razão pela qual em nossa grande família de pelo menos 25 pessoas, ninguém está disposto a se vacinar.", completa.
O governo estabeleceu uma meta de vacinar entre 45 milhões e 65 milhões de pessoas até o final deste ano e recentemente anunciou planos de gastar US$ 1,1 bilhão na aquisição de doses. No entanto, até esta terça-feira (15), o Paquistão havia vacinado com as duas doses cerca de 3 milhões de pessoas (menos de 2% de sua população) desde o início da campanha de vacinação em fevereiro.
O país registrou cerca de 22 mil mortes por Covid-19 e quase um milhão de pessoas testaram positivo para o coronavírus desde o início da pandemia. "O governo está fazendo o possível para facilitar as pessoas na obtenção da vacina.", disse o ministro da Informação Syed Nasir Hussain Shah.