Governo federal lança campanha rebatendo notícias de veículos tradicionais
Conflito entre o governo e os meios de comunicação se intensificou nos últimas dias
Foto: Reprodução
O conflito entre o governo e os meios de comunicação se intensificou nos últimas dias e nesta segunda-feira (8), a Secretaria de Comunicação (Secom) começou uma campanha em que traz notícia veiculada e rebate seu conteúdo. Na primeira postagem, a Secom rebate o título "Coronavírus: falta de empatia de Bolsonaro com mortes por Covid-19 parece psicopatia, diz psicanalista Maria Rita Kehl". Abaixo da notícia, são destacados dados que seriam "a verdade". Entre eles, R$ 349,4 bilhões empenhados entre ações de saúde, manutenção do emprego, assistência social e auxílio a estados e municípios. Também são destacadas compras de respiradores pulmoraes, equipamentos de proteção individual (EPI), inauguração do primeiro Hospital de Campanha do governo federal e o pagamento do auxílio emergencial e do socorro para médias empresas.
Mais do que nunca, é preciso ter responsabilidade com o que se fala. Desinformações, distorções e fake news só atrapalham ainda mais a nação brasileira num momento tão delicado. As ações e os números do Governo do Brasil falam por si (na imagem, apenas alguns exemplo). pic.twitter.com/BIdYXD6bfI
— SecomVc (@secomvc) June 8, 2020
A campanha começa em meio a queda de braço entre o governo e a mídia em relação aos dados de acompanhamento da pandemia no Brasil, que passa por reformulações no site do Ministério da Saúde. Nos últimos dias, o governo já havia deixado de apresentar alguns dados consolidados e mudado a dinâmica de divulgação, antes os boletins eram atualizados com dados das Secretarias de Saúde às 18h e passados por coletivas de imprensa, que contavam também com ministros de outras áreas, para falar da atuação de cada Pasta. Mas, desde a última quinta-feira (4), os dados têm sido divulgados próximo às 22h e as coletivas foram canceladas. A informação é de que o governo lançará nesta semana uma plataforma interativa, que trará a análise de casos e mortes, por data de ocorrência, e de forma regionalizada.
De toda forma, houve reação de diversos setores da sociedade. Veículos de comunicação se uniram para consolidar dados e parlamentares também estudam a criação de uma plataforma para reunir as informações da pandemia. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, escreveu que "brincar com a morte é perverso. Ao alterar os números, o Ministério da Saúde tapa o sol com a peneira. É urgente resgatar a credibilidade das estatísticas. Um ministério que tortura números cria um mundo paralelo para não enfrentar a realidade dos fatos".
Também houve resposta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O presidente da Ordem, Felipe Santa Cruz, informou nesta segunda que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a omissão de dados sobre a pandemia, por parte do governo federal. "É uma ocultação proposital, injustificada e danosa. Os dados estão sendo manipulados diariamente para dificultar a interpretação. O governo e o Covid trabalhando lado a lado contra o país", registrou.
A OAB irá ao STF, contra a omissão de dados sobre a pandemia, por parte do governo federal. É uma ocultação proposital, injustificada e danosa. Os dados estão sendo manipulados diariamente para dificultar a interpretação. O governo e o Covid trabalhando lado a lado contra o país.
— Felipe Santa Cruz (@felipeoabrj) June 8, 2020
Após reunião de líderes de hoje (8), ficou decidido que a Comissão Mista Especial de Acompanhamento do Coronavírus trabalhará com os dados estatísticos da pandemia fornecidos pelos estados e DF. É papel do parlamento buscar a transparência em um momento tão difícil para todos.
Após reunião de líderes de hoje (8), ficou decidido que a Comissão Mista Especial de Acompanhamento do Coronavirus trabalhará com os dados estatísticos da pandemia fornecidos pelos estados e DF. É papel do parlamento buscar a transparência em um momento tão difícil para todos.
— Davi Alcolumbre (@davialcolumbre) June 8, 2020