Greve dos professores municipais de Salvador completa um mês; entenda impasse entre categoria e prefeitura
Profissionais cobram pagamento do piso salarial, defasado em 58%; prefeitura alega que maioria dos professores já recebe valor acima do piso

Foto: Divulgação/APLB-Sindicato
A greve dos professores municipais completa um mês, nesta quarta-feira (4), marcada por uma série de protestos e impasse entre a categoria e a prefeitura.
Ao longo desse período, o Farol da Bahia realizou uma cobertura detalhada sobre o assunto, com escuta de ambas as partes e repercurssão entre os políticos.
Os professores exigem o pagamento do piso salarial, que segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) está defasado em 58%. Por sua vez, a gestão municipal afirma que a maioria dos profissionais já recebe acima do piso.
A greve foi deflagrada no dia 6 de maio. Naquele momento, a proposta da prefeitura era de um reajuste de 4%, dividido em duas parcelas: 2% a partir de maio e 2% a partir de outubro. A categoria rejeitou a proposta ao apontar que o aumento era insuficiente para garantir o salário mínimo conforme a Lei do Piso do Magistério.
A partir dali os protestos iniciaram. No dia seguinte, 7 de maio, os professores realizaram um ato na Estação da Lapa, cobrando não apenas o pagamento do piso, mas também melhorias nas condições de trabalho, como climatização das salas de aula, fornecimento de materiais pedagógicos e valorização profissional.
No mesmo dia, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) ordenou a suspensão imediata da greve em um prazo de 24 horas, sujeito a multa diária de R$ 15 mil ao sindicato. A APLB-Sindicato informou que todos os trâmites legais foram seguidos e que a greve iria continuar.
Os professores se mobilizaram nos dias seguintes, com protestos nos dias 14, 15 e 19. No dia 22, a Câmara de Vereadores votou e aprovou uma proposta de reajuste salarial de 9,25% para professores de Nível 1/Referência A; 6,65% para Nível 1/Referência B; 6,27% para o quadro suplementar do magistério público; e 4,83% para os demais servidores municipais.
No entanto, a proposta não equivale ao piso salarial, previsto em R$ 4.867,77, o que fez a votação ser marcada por protestos, confusões e até invasão à sessão. Após o conflito entre vereadores e sindicalistas, a Justiça impôs nova multa diária, dessa vez de R$ 100 mil, ao sindicato dos professores. Apesar disso, a greve foi mantida.
Em meio à situação, no dia 27, os servidores municipais da cidade se juntaram à greve pelo mesmo motivo: campanha salarial. Segundo o Sindicato dos Servidores e Servidoras da Prefeitura de Salvador (Sindseps), entre 22 e 28 mil trabalhadores aderem a paralisação, que engloba funcionários como agentes da saúde, guardas municipais e agentes da Superintendência de Trânsito do Salvador (Transalvador).
O prefeito Bruno Reis (União) se ausentou das redes sociais e da agenda pública, levantando críticas da oposição. No mesmo dia em que os servidores deflagaram a greve, o gestor realizou uma entrevista coletiva na qual exaltou o reajuste aos professores, o qual definiu como "maior do Brasil".
Na terça-feira (3), a Prefeitura de Salvador acatou uma recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA) de abrir as escolas municipais para que as merendas escolares sejam distribuídas. A medida passa a valer a partir desta quarta-feira (4).
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed), o impasse 327 escolas, 138 completamente paralisadas e as 189 com funcionamento parcial.
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