Haddad defende “estrangular financeiramente” o crime organizado após megaoperações da PF e do MP
Ministro da Fazenda afirmou que bloqueio de patrimônios e desarticulação de esquemas de lavagem de dinheiro são formas de “secar a fonte” das facções

Foto: Divulgação/Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (28) que o governo federal precisa intensificar o combate às fraudes e aos mecanismos financeiros usados pelo crime organizado. Segundo ele, bloquear bens e cortar o fluxo de recursos é a forma mais eficaz de enfraquecer facções criminosas. As informações foram divulgadas pela CNN Brasil.
“Você deixa uma equipe exclusiva para decifrar a fraude estruturada, que conta com mecanismos sofisticados. Assim você seca a fonte dos recursos, para impedir que a atividade criminosa seja abastecida”, disse Haddad, em coletiva de imprensa.
As declarações ocorreram após a deflagração de três operações de grande porte contra esquemas de lavagem de dinheiro e fraudes bilionárias ligados a facções como o PCC (Primeiro Comando da Capital).
O ministro destacou que apenas prender criminosos não é suficiente se o patrimônio permanece disponível para as organizações.
“Se você prende uma pessoa, mas o dinheiro fica à disposição do crime, essa pessoa é substituída por outra. Estamos falando de operações que bloquearam mais de 100 imóveis, veículos e patrimônios que podem chegar aos bilhões. Assim você efetivamente estrangula o crime”, afirmou.
Haddad chamou as ações deflagradas nesta quinta de o “caminho das pedras” para investigações futuras.
As operações
Três operações foram deflagradas de forma simultânea nesta manhã, envolvendo a Polícia Federal, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) e órgãos de fiscalização:
Operação Carbono Oculto (MPSP): investiga um esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis com participação do PCC. Foram identificadas adulterações e venda de volumes abaixo do contratado em mais de mil postos. A força-tarefa, com 1.400 agentes, cumpre mandados em oito estados. A sonegação pode ter ultrapassado R$ 7,6 bilhões.
Operação Quasar (PF): mira esquemas de lavagem de dinheiro em fundos de investimento e instituições financeiras. Mandados foram cumpridos na Avenida Faria Lima, em São Paulo, um dos principais centros financeiros do país. A investigação aponta para uso de estruturas complexas, com camadas societárias, para ocultar os beneficiários finais.
Operação Tank (PF): desmantela uma rede de lavagem de dinheiro no Paraná, que teria movimentado mais de R$23 bilhões desde 2019. A organização usava centenas de empresas entre postos de combustíveis, holdings e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central para lavar cerca de R$600 milhões.
Segundo autoridades, a ofensiva desta quinta-feira está entre as maiores já realizadas no país contra a estrutura financeira do crime organizado. O presidente do STF, Ricardo Lewandowski, classificou a Operação contra o PCC como a “maior da história brasileira” nesse campo.