Haddad diz não ver mais espaço para aumento da taxa de juros
Ministro da Fazenda afirma que inflação em queda e sinais positivos na economia podem abrir caminho para cortes na taxa de juros

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira (27) que não vê espaço para novos aumentos da taxa básica de juros pelo Banco Central, destacando que a inflação está em trajetória de queda e que o cenário econômico pode viabilizar reduções na Selic em breve.
“Eu não vejo mais espaço para aumento da taxa de juros. A inflação está caindo, e o patamar da Selic vai ficar nessa altura quanto tempo? Acredito que o BC vai ter que calibrar o momento do ciclo de corte, que eu não sei quando vai acontecer”, declarou Haddad em entrevista à GloboNews.
Atualmente em 15% ao ano, a Selic está no maior nível em quase 20 anos, após sete altas consecutivas como estratégia para conter a inflação. A elevação da taxa encarece o crédito e estimula a poupança, reduzindo o consumo para conter os preços. Por outro lado, a redução tende a baratear o crédito e incentivar a atividade econômica.
Haddad também citou fatores externos e internos que fortalecem o cenário para queda dos juros, como o anúncio de possíveis cortes pelo Federal Reserve, a deflação de alimentos no mês anterior e projeções de mercado indicando taxas menores. “Creio que nós temos um bom caminho pela frente”, completou.
O ministro comentou ainda a relação do governo com a presidência do Banco Central. Segundo ele, durante a gestão de Roberto Campos Neto, houve divergências quanto ao nível da taxa, mas destacou que em agosto, quando a inflação estava em 3%, iniciou-se o movimento de corte após discussões internas.
Desde que Gabriel Galípolo assumiu a presidência do BC, as críticas públicas cessaram, embora o governo continue acompanhando de perto a política monetária.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária está marcada para os dias 29 e 30 de julho, quando o Banco Central poderá definir os próximos passos em relação aos juros, atualmente mantidos em 15%, com expectativa de encerramento do ciclo de alta na próxima deliberação.