Economia

Haddad tem apoio institucional do setor bancário, diz presidente da Febraban

A declaração ocorre no final de uma semana de tensão, marcada pela derrota do ministro em medidas

Por FolhaPress
Ás

Haddad tem apoio institucional do setor bancário, diz presidente da Febraban

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

O presidente da Febrabran (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, reiterou o apoio do setor bancário ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, após se reunir com o ministro, na manhã desta sexta-feira (14).

"Nós saímos convencidos desse encontro de que o ministro Fernando Haddad está determinado a buscar o equilíbrio das contas públicas, mas também saímos convencidos de uma disposição firme que ele tem para fazer o diálogo dentro do próprio governo, para expandir esse diálogo para o Congresso Nacional, que é um poder fundamental nessa equação de busca do equilíbrio fiscal e também na interlocução que ele tem feito com o empresariado", afirmou a jornalistas.

"Nós aproveitamos a oportunidade, considerando também as circunstâncias e os últimos acontecimentos, de ruídos de tensionamentos sobre as discussões a respeito do cumprimento das metas fiscais, do arcabouço fiscal, nós aqui estivemos para emprestar, para reafirmar o apoio institucional do setor bancário ao ministro da economia", disse Sidney na saída do encontro.

Participaram ainda André Esteves, fundador do BTG Pactual, Milton Maluhy (Itaú), Marcelo Noronha (Bradesco) e Mário Leão (Santander) com o ministro da Fazenda.

A declaração ocorre no final de uma semana de tensão, marcada pela derrota do ministro em medidas para tentar aumentar a arrecadação para compensar a desoneração da folha de pagamentos.

Entre os grupos beneficiados com a desoneração está o de comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha. Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, entre outros.

Sob fortes críticas, uma medida provisória restringindo as possibilidades de uso de créditos tributários do PIS/Cofin foi devolvida pelo Congresso, gerando uma percepção de enfraquecimento do titular da Fazenda.

As incertezas do mercado sobre a agenda de equilíbrio das contas públicas impactaram o ambiente financeiro nos últimos dias, inclusive com desvalorização do real frente ao dólar. A moeda americana voltou a cair ontem, após o anúncio de Haddad de que a equipe do governo vai intensificar os trabalhos de revisão dos gastos para atingir a proposta de Orçamento de 2025.

Na última semana, outra reunião de Haddad com membros do mercado financeiro gerou ruídos e boatos sobre uma possível mudança no conjunto de regras que balizam o crescimento dos gastos públicos.

Participantes do encontro da última semana disseram a jornalistas que o ministro teria dito que eventual contingenciamento de gastos dependeria do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que o arcabouço fiscal poderia até ser mudado.

No final daquela tarde, após reportagens citando a reunião, Haddad se mostrou irritado e afirmou que houve uma quebra de protocolo. "A pessoa que vazou a informação vazou uma informação falsa. Quando fui perguntado se um aumento da despesa obrigatória poderia ensejar o contingenciamento, eu disse que simbolizaria como determina o arcabouço [fiscal]."

O ministro considerou o vazamento "muito grave" e uma "irresponsabilidade". "Não se pode vender ao mercado algo que não foi dito. O que venderam e o que eu disse foram duas coisas completamente diferentes", completou.

Em meio à fritura geral, o alto escalão do governo fez acenos públicos ao ministro. Em viagem a Genebra, o presidente Lula afirmou na quinta (13) que ele "é um extraordinário ministro".

Depois, ao lado de Simone Tebet (Planejamento) e em uma tentativa de distensionar a relação com o mercado, o ministro disse a jornalistas que pediu ao grupo um ritmo mais intenso de trabalhos na discussão sobre a agenda de corte de gastos e que o governo construirá um extenso cardápio de alternativas.

"Começamos aqui a discutir 2025, a agenda de gastos. O que a gente pediu foi uma intensificação dos trabalhos, para que até o final de junho nós possamos ter clareza do Orçamento de 2025, estruturalmente bem montado, para passar tranquilidade sobre o endereçamento das questões fiscais do país", afirmou.
 

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