Hamas entrega três reféns israelenses à Cruz Vermelha em Gaza
Os três homens estavam magros, fracos e pálidos, e em pior condição do que os 18 reféns que haviam sido libertados anteriormente
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Foto: Reprodução/X
O Hamas entregou neste sábado (8) três reféns israelenses à Cruz Vermelha em Deir Al-Balah, no centro de Gaza, conforme mostrado pela TV ao vivo. A entrega é parte da quinta troca de reféns por prisioneiros palestinos, possibilitada pelo acordo de cessar-fogo com Israel.
O grupo terrorista libertou Ohad Ben Ami, 56, e Eli Sharabi, 52, ambos feitos reféns do Kibutz Be'eri durante o ataque transfronteiriço liderado pela facção em 7 de outubro de 2023, e Or Levy, 34, sequestrado naquele dia do festival de música Nova.
Os reféns foram conduzidos a um pódio por combatentes armados. Ao redor deste pódio, membros da organização extremista, com rostos cobertos e uma faixa verde na cabeça, formavam um cordão, e havia uma área com fotos de blindados israelenses destruídos, bandeiras do Hamas e imagens de soldados mortos nos bombardeios israelenses.
Em libertações anteriores, a facção fez demonstrações de força semelhantes.
Os três homens estavam magros, fracos e pálidos, e em pior condição do que os 18 reféns que haviam sido libertados anteriormente sob a trégua acordada no mês passado. A Cruz Vermelha entregou Ami, Sharabi e Levy ao Exército israelense.
"Ele parecia um esqueleto, foi horrível de ver", disse Michal Cohen, sogra de Ohad Ben Ami, ao Canal 13 News enquanto assistia à cerimônia de entrega dirigida pelo Hamas, na qual os reféns foram forçados a uma espécie de "entrevista", respondendo a perguntas feitas por um homem mascarado enquanto militantes armados com rifles automáticos estavam de cada lado.
Por meio do X, o gabinete do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, se manifestou contra a cerimônia feita pela organização extremista. "As imagens chocantes que vimos hoje não ficarão sem resposta. O governo, juntamente com todos os oficiais de segurança, acompanhará eles [os reféns] e suas famílias."
Isaac Herzog, presidente de Israel, descreveu o ato de libertação como cínico e cruel. "É assim que se parece um crime contra a humanidade", disse ele. Já o Fórum das Famílias dos Reféns comparou as imagens dos reféns às dos sobreviventes dos campos de concentração nazistas durante o Holocausto.
"Essas imagens evocam as fotos horríveis da libertação dos campos em 1945, o capítulo mais sombrio da nossa história. Temos que tirar todos os reféns do inferno."
Em troca, Israel libertará 183 prisioneiros palestinos, parte deles com envolvimento em ataques que mataram dezenas de pessoas, sendo 18 que cumpriam penas de prisão perpétua, 54 que estavam condenados a penas elevadas e 111 detidos em Gaza durante a guerra Israel-Hamas, disse Amani Sarahneh, porta-voz do Clube de Prisioneiros Palestinos, à agência AFP.
Um ônibus que transportava 42 pessoas chegou à cidade de Ramallah, na Cisjordânia, neste sábado, sob uma multidão que agitava bandeiras da Palestina. Um dos libertados é Eyad Abu Shkaidem, condenado a 18 penas de prisão perpétua em Israel por planejar ataques em vingança pelos assassinatos de dois ex-líderes do Hamas, Sheikh Ahmed Yassin e Abdel-Aziz al-Rantissi, em 2004.
Para as famílias dos reféns israelenses que foram mantidos incomunicáveis em Gaza por mais de um ano, a espera tem sido uma montanha-russa de medo e esperança à medida que os momentos de reencontro se aproximam.
Alguns enfrentam um retorno doloroso. As duas filhas adolescentes de Sharabi e sua esposa, nascida na Grã-Bretanha, foram mortas no ataque do Hamas ao Kibutz Be'eri, onde um em cada dez residentes foi morto. Seu irmão mais velho, Yossi, foi sequestrado separadamente e pode estar morto.
A esposa de Levy, Einav, morreu na ofensiva do grupo terrorista ao festival de música Nova, enquanto a esposa de Ami, sequestrada com ele em Be'eri, foi libertada durante a primeira trégua, de uma semana de duração, em novembro de 2023.