Historiador se indigna após encontrar cerâmicas de negros escravizados em loja no Aeroporto de Salvador
Peças estavam à venda na prateleira principal do estabelecimento

Foto: Reprodução/Paulo Cruz
O historiador carioca Paulo Cruz compartilhou nas redes sociais a indignação ao se deparar com imagens de peças de cerâmicas de negras e negros escravizados à venda, em uma loja localizada no aeroporto de Salvador.
O registro foi feito no final da tarde de domingo (6), no estabelecimento, quando o historiador iria retornar da Bahia ao Rio de Janeiro. Ao compartilhar nas redes sociais, a "mercadoria", que estava disposta na prateleira principal do estabelecimento, causou indignação do turista e nos internautas.
"Foi um choque tremendo né? Em primeiro lugar porque eu acho que é um tipo de coisa que não deve se comercializar em lugar nenhum, muito menos uma cidade como Salvador, principalmente depois da experiência que eu tive, vendo a vivência das pessoas pretas, dos movimentos e tudo mais", afirmou historiador ao G1. "Foi realmente muito chocante. Primeiro a sensação foi de choque e depois de indignação", completou.
As peças, em alusão ao sistema escravocrata, mostram mulheres e homens acorrentados pelas mãos e vendidos como "obra de arte". As cerâmicas estavam etiquetadas com os dizeres "Escravos de cerâmica - R$ 99,90, a unidade".
Após a repercussão nas redes sociais, a loja Hangard das Artes publicou uma nota de retratação, justificando a venda da cerâmica e pedindo "desculpas as pessoas que se sentiram feridas e menosprezadas".
"Nossa intenção JAMAIS foi menosprezar, ferir ou destituir da imagem de uma entidade tão importante e a potência de sua história. Nossas correntes foram quebradas! E não queremos de maneira alguma trazer de volta memórias desse passado tenebroso e vergonhoso.", afirma trecho da nota.
Já a Vinci Airports, que administra o terminal aéreo, também informou, por meio de nota, que recomendou a retirada dos produtos do estoque após tomar conhecimento da situação de venda de peças "que remetem à desonrosa atividade da escravidão no Brasil".