Impacto dos juros elevados: varejo brasileiro enfrenta desafios com resultados abaixo das expectativas
O elevado endividamento das famílias brasileiras também contribui para o desempenho
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O comércio varejista brasileiro sofre diretamente com os juros elevados. Segundo dados recentes do IBGE, as vendas no varejo em abril apresentaram uma pequena variação positiva de 0,1% em relação ao mês anterior e 0,5% em comparação com o mesmo período do ano passado. No entanto, esses números ficaram abaixo das expectativas da pesquisa da Reuters, que previa um crescimento de 0,3% e 0,95%, respectivamente.
O impacto dos altos juros no varejo foi destacado durante uma reunião entre o presidente Lula, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e representantes do setor varejista. Alckmin afirmou que os dados do varejo refletem o prejuízo causado pelos juros altos.
Embora a Selic seja a taxa básica de juros da economia, ela influencia diretamente todas as outras taxas de juros do país, inclusive as do comércio. Especialistas, como Antônio Corrêa, professor de economia da PUC e ex-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo, destacam que o aumento dos juros leva a uma queda na demanda, afetando o varejo de forma significativa.
O elevado endividamento das famílias brasileiras também contribui para o desempenho abaixo das expectativas no varejo, conforme mencionado por Fábio Tadeu Araújo, economista e sócio-proprietário da Brain Inteligência Estratégica. Esse cenário reduz a massa salarial disponível e é agravado pela diminuição do número de pessoas empregadas no país.
A dificuldade de acesso ao crédito ao consumidor e o acerto de contas de inadimplentes são outras consequências dos juros elevados, de acordo com Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomercio-SP. Essas altas taxas impedem um crescimento mais robusto do setor varejista, deixando os comerciantes, especialmente os proprietários de pequenos e médios negócios, apreensivos devido às taxas ainda mais altas para contratar crédito de capital de giro e curto prazo.
Embora haja expectativas de redução da taxa de juros nos próximos meses, os especialistas ouvidos pela CNN concordam que o impacto no varejo será de médio a longo prazo, provavelmente em 2024. Enquanto isso, as margens apertadas e o alto custo de crédito continuam desafiando o comércio varejista.
A taxa básica de juros, a Selic, atualmente está em 13,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá em breve para discutir a Selic, e segundo os especialistas, é provável que a taxa seja mantida nesta reunião, com possibilidade de corte em agosto, trazendo algum alívio ao setor varejista.
