Inação do MEC no Fies provoca endividamento e abandono de cursos
Movimento estudantil cobra do governo Lula a volta do financiamento integral para todos os alunos
Foto: Valter Campanato/ Agência Brasil
Estudantes que têm seus cursos financiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) estão se endividando ou abandonando a graduação por falta de capacidade de pagamento, após o reajuste das mensalidades de cursos particulares.
A crise se iniciou em 2018, quando uma portaria do governo federal acabou com o financiamento integral dos estudos e estabeleceu um teto para o Estado auxiliar no pagamento de mensalidades.
Lideranças estudantis afirmam que os reajustes feitos pelas faculdades privadas estão acima da inflação e tornam a coparticipação imprevisível, sobretudo nos cursos de medicina. O valor com que o aluno deve arcar supera, e muito, as simulações feitas no momento de inscrição no programa.
Os estudantes vêm se organizando no movimento Fies Sem Teto, para pressionar o MEC. O Ministério da Educação declarou que não tem prazo para apresentar as novas regras do programa, que tentariam amenizar o problema.
O movimento Fies Sem Teto cobra do governo Lula a volta do financiamento integral para todos os alunos ou a implementação de medidas para controlar o valor da coparticipação. O movimento demanda também a criação de um plano para renegociar as dívidas de estudantes que abandonaram os cursos devido à alta nas coparticipações.
O ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou, em junho do ano passado, uma mudança no teto do Fies para o curso de medicina, que aumentou de R$52,8 mil para R$60 mil. Os relatos colhidos pelo movimento estudantil, no entanto, mostram que os reajustes de mensalidades tornaram a medida sem efeito.
Em março de 2023, o Ministério da Educação criou um grupo de trabalho para reformular o Fies, mas não apresentou um esboço de como ficará o programa.