Indenização às vítimas de Brumadinho é menor do que lucro dos acionistas da Vale
A remuneração dos acionistas será R$7,25 bilhões a mais que gastos com reparos
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Foto: Google Maps
A empresa Vale vai remunerar em 7,25 bilhões de reais os seus acionistas, referente ao ano de 2019. O montante supera o total gasto pela companhia, comparado ao total gasto nos reparos em Brumadinho (MG), após o rompimento da barragem em janeiro deste ano.
A empresa ainda não informou quando o dinheiro será creditado aos acionistas, já que dias após a tragédia, decidiu suspender os pagamentos de dividendos.
A estimativa da Vale, 11 meses após o desastre, é de que terá de desembolsar com reparos, indenizações e despesas, cerca de R$6,55 milhões. A previsão é de que até 2031 o gasto chegue a R$32,75 bilhões. Valor que inclui a reincorporação de nove barragens da mineradora ao relevo e ao ambiente (descaracterização). Os valores foram informados no encontro anual com investidores na cidade de Nova York, no início deste mês.
Mais de 4.000 acordos de indenização foram firmados, segundo a empresa, junto às vítimas do rompimento da barragem. Até agora, foram pagos cerca de R$ 2 bilhões. Somando obras e pagamentos a famílias, o total gasto até o início deste mês foi de R$ 4,5 bilhões.
Procurada, a companhia afirmou que não existe um prazo legal para o pagamento de acionistas. Disse ainda “está focada na reparação das consequências do rompimento da barragem em Brumadinho”.
Em comunicado divulgado ao mercado na quinta-feira (19), o pagamento de juros a acionistas será “deliberado em momento oportuno, o que não ocorrerá durante a suspensão da Política de Remuneração ao Acionista”.
O pagamento é esperado por analistas do mercado, ainda no primeiro semestre de 2020, e que o atraso se deve só a uma questão moral da companhia.
O desastre deixou 256 mortos. Ainda há 14 desaparecidos.