Inflação deve desacelerar menos do que o esperado em 2022, aponta Ipea
Cenário pode ser explicado, em especial, pela alta contínua dos preços de alimentos e bens industriais
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A inflação no Brasil deve desacelerar menos do que o previsto para 2022. Conforme a análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada nesta terça-feira (22), esse cenário pode ser explicado, em especial, pela alta contínua dos preços de alimentos e bens industriais.
De acordo com a entidade, os dois grupos serão os principais responsáveis pela desaceleração menos intensa da taxa ao longo do ano, já que os valores desses itens devem continuar subindo.
A última avaliação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), realizada em janeiro, mostrou uma elevação de 0,54% no mês passado. Os dados, medidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), servem como referência do aumento de preços e das alterações do custo médio das famílias brasileiras.
O indicador teve variação de 10,38%, no acumulado de 12 meses. Em 2021, o país finalizou o ano com inflação de 10,06%. “Em janeiro, a inflação medida pelo IPCA voltou a surpreender negativamente, gerando uma nova aceleração da inflação”, diz o estudo do Ipea.
Diante desses fatores, as projeções do instituto também mostram uma nova aceleração nos valores do petróleo e déficit nas empresas do ramo elétrico, o que pode sinalizar o aumento significativo das tarifas de energia e dos preços dos combustíveis pagos pelos consumidores. O processo de desinflação deve ficar ainda mais limitado.
Outro ponto essencial para o desempenho desfavorável da taxa em 2022 está relacionado ao tempo. “De modo semelhante, a piora das condições climáticas, causada pela ocorrência do fenômeno La Niña neste início da safra 2021-2022, já ocasiona prejuízos a algumas lavouras importantes, como soja, milho de primeira safra e arroz”, explica a pesquisa.
A análise não descarta a influência que a economia brasileira pode sofrer em razão da geopolítica internacional. “O agravamento das tensões entre Rússia e Ucrânia pode gerar uma alta mais acentuada das commodities, especialmente do petróleo e do gás”, afirma a fundação.
“Internamente, as incertezas em relação à política fiscal, que podem se intensificar devido às discussões inerentes ao processo eleitoral, podem ter impactos negativos na taxa de câmbio”, conclui o documento.